A visão de um médico sobre a vida e a morte em UTIs
Em entrevista, Santinoni fala sobre a delicadeza de trabalhar diariamente como médico intensivista
Bússola
Publicado em 3 de junho de 2022 às 19h30.
Última atualização em 3 de junho de 2022 às 23h31.
Você já tentou imaginar como se sente um médico intensivista? Um profissional que convive diariamente com a vida e a morte passando pelas suas mãos? Essa visão pode ser encontrada na obra Perspectivas Intensivas de Fernando Santinoni. O livro traz relatos sobre pacientes e uma emocionante história de um intensivista que — muitas vezes nos esquecemos — também tem família, pai, mãe, esposa. E que, como pessoa, tanto comemora o sucesso dos pacientes que se recuperam como também sofre quando isso não acontece.
Santinoni é médico especialista em medicina intensiva pelo programa de Residência Médica do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Fez estágio na UTI do Hospital Erasme, em Bruxelas, na Bélgica. A Bússola conversou com Santinoni sobre o livro lançado recentemente.
Bússola: Como surgiu a ideia do livro?
Fernando Santinoni: A intenção, na verdade, não era publicar um livro. Eu comecei a produzir textos avulsos quase como uma necessidade, como um desabafo. Foi no auge da pandemia de covid-19. Depois de sair da UTI lotada, após o constante “entre e sai” de pacientes, escrevia com o pouco tempo que restava disponível. Quando passei a compartilhar textos com amigos próximos e familiares, em redes sociais, comecei a receber retornos muito positivos. Foi quando decidi acrescentar relatos de pacientes desde 2002, algumas poesias, reflexões, num único lugar, resultando na ideia de publicação.
A quem seu livro de destina?
Na verdade, não defini um público. É para todos que se interessarem pelo tema: médicos, intensivistas ou não, pacientes, familiares ou leigos sobre o assunto. Afinal, não é um livro técnico, mas humano. É sobre essa rotina desafiadora de conviver com pacientes em situações extremas.
Qual é o conteúdo do livro?
Selecionei alguns relatos de perfis bem variados de pacientes no período de 20 anos, entre 2002 e 2022. Cada história, de cada pessoa, é única.
Você sente falta de livros com essa abordagem mais humana voltados para médicos?
Acho que sim. Médicos intensivistas também têm família e amigos. Sua rotina é desafiadora e, inevitavelmente, tem alguns impactos na vida pessoal. Acho importante compartilharmos nossas perspectivas não apenas como médicos mas também como pessoas.
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