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A jornada da diversidade

CEO da Bayer explica, em artigo especial para a Bússola, novo programa de liderança para negros e o processo para tornar a empresa mais diversa e inclusiva

Diversidade racial: empresas ainda não refletem a sociedade brasileira (monkeybusinessimages/Getty Images)

Isabela Rovaroto

Publicado em 7 de outubro de 2020 às 15h40.

Última atualização em 7 de outubro de 2020 às 16h18.

Sou espanhol, mas tive a oportunidade de passar por diversos países, como Alemanha, Argentina e Polônia, onde desempenhei diferentes funções dentro da Bayer. Sempre fui muito interessado em me conectar com a cultura, o idioma e, claro, com as pessoas de cada país – o que contribuiu para entender e valorizar a diversidade.

Como líder, entender as realidades e demandas dos lugares onde trabalhei sempre foi uma necessidade. Hoje sou um executivo que lidera a operação de uma empresa multinacional no Brasil, um país em que cerca de 56% da população se autodeclara negra. Apesar disso, não se vê essa proporção refletida no mercado formal de trabalho, ocupado majoritariamente por brancos. O desequilíbrio é ainda maior quando aproximamos a lupa aos cargos de liderança. Se as diversidades étnico-racial, cultural, de gênero, linguística e outras são tão importantes na constituição da identidade brasileira, por que não estão refletidas nas empresas – e tampouco na Bayer, que não é uma exceção a essa realidade?

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Nós fizemos essa pergunta há alguns anos e, desde então, diversos grupos internos de diversidade têm promovido, na Bayer e fora dela, conversas, debates, ações e programas destinados a tornar a nossa empresa mais inclusiva. Essa jornada tem me ajudado a entender que promover diversidade é muito mais do que promover representatividade, pois a diversidade também traz inovação para os negócios – sendo, inclusive, uma condição para ela. Afinal, como é possível pensar de forma verdadeiramente inovadora e atender com segurança às necessidades de um país tão diverso como o Brasil com um quadro de funcionários de origens, vivências e perspectivas semelhantes?

Pensando nisso lançamos na Bayer, em meados de setembro, a décima edição do nosso Programa de Trainee, realizado anualmente. Seria um período normal para nós, se não fosse uma novidade: trata-se do primeiro programa destinado exclusivamente a profissionais negros e negras da companhia. Também chamado de Programa Liderança Negra Bayer, ele é o maior já realizado em nossa empresa em número de vagas e busca por protagonistas para esta jornada de mudança interna rumo a nos tornarmos uma empresa mais inclusiva.

Levantamos um debate muito importante na sociedade, e seguimos firmes com a crença de que esse projeto vai contribuir para diminuirmos uma herança estrutural histórica de desigualdade social. Como parte deste esforço de inclusão, envolvemos neste projeto outras empresas e consultorias feitas por e para profissionais negros, e buscamos estruturar um processo seletivo verdadeiramente inclusivo para estes candidatos, sem barreiras que pudessem dificultar seu acesso às posições que estamos oferecendo (como a exigência de domínio do inglês, por exemplo). Queremos conhecer suas histórias, perspectivas de vida e valores.

Além disso, também preparamos a casa. Por meio de parcerias com consultorias especializadas, desenvolvemos materiais informativos para todos os colaboradores a fim de reforçar o nosso compromisso com Inclusão & Diversidade. Também criamos uma série de treinamentos sobre letramento racial para os líderes que receberão os novos trainees. Para os talentos que já estão na Bayer, lançamos o Programa de Mentoria focado na retenção e no desenvolvimento desses profissionais.

Temos consciência de que este foi apenas mais um passo nesta caminhada. Olhando para o futuro, a partir desta jornada tão importante que estamos construindo, poderemos pensar em estratégias e soluções mais disruptivas e verdadeiramente inovadoras para atender às necessidades da sociedade. Somando esforços, sendo mais plurais, aprendendo e criando oportunidades para transformar a realidade de milhares de pessoas e do mercado de trabalho de forma irreversível. Juntos.

 

* Marc Reichardt é CEO do grupo Bayer Brasil

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