3 perguntas de ESG para Victor Bicca, da Abir
Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas fala sobre consumo de água, reciclagem, diversidade e relação transparente com os consumidores
Bússola
Publicado em 24 de novembro de 2022 às 13h38.
Bússola: Como o setor de bebidas não alcoólicas no Brasil está lidando com os desafios das embalagens e do consumo de água?
Victor Bicca: Na agenda de sustentabilidade, nosso setor tem a inovação como DNA. Investimos na economia circular e retornabilidade, redução da gramatura das garrafas, reúso de água, economia de energia em nossas fábricas e uma série de iniciativas que visam a proteção do meio ambiente. E se engana quem pensa que tais iniciativas levam assinatura apenas de grandes empresas. As médias e pequenas indústrias de bebidas não alcoólicas têm sido protagonistas de uma série de iniciativas que promovem, efetivamente, um ambiente cada vez mais sustentável.
Os investimentos em novas tecnologias e equipamentos mais eficientes possibilitaram uma redução de 50% na quantidade de água utilizada na produção de bebidas não alcoólicas. O índice de consumo médio caiu de 3 litros para 1,5 litro de água por litro produzido. Outra iniciativa voltada à eficiência hídrica é o aumento do volume de água de reuso nas fábricas. Existem também fábricas que atingiram sua própria neutralidade hídrica. Estas devolvem ao meio ambiente o mesmo volume de água que é utilizado na produção de suas bebidas.
Na pauta resíduos sólidos, nosso setor se destaca por ser um dos maiores usuários de embalagens recicláveis, sendo 97% do portfólio composto por embalagens retornáveis, com ciclos perfeitos, o alumínio com recordes de reciclagem e o PET com metas de ampliação da sua destinação final. Em recente acordo de cooperação técnica com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), realizamos a campanha Crie esse Hábito, com objetivo de ajudar a população no descarte consciente de embalagens.
O case das embalagens retornáveis utilizadas por nosso setor, inclusive, foi apresentado com louvor na COP26, em parceria com a CNI. E, na COP27, no Egito, realizada na última semana, o setor também se fez presente, atento às discussões sobre mudanças climáticas. Novas tecnologias de energia renovável e reciclagem, entre outras iniciativas, estão na agenda de todas as empresas do nosso setor. A grande novidade da COP27, da qual tenho orgulho de ter representado a Abir e participado dos debates in loco, foi o crescimento do hidrogênio verde, nova tecnologia que será a estrela dos próximos anos
Bússola: De que forma o setor está aprimorando sua relação com o consumidor e com a sociedade?
Victor Bicca: Temos orgulho, na Abir, de representar mais de 90% do mercado de não alcoólicos do país. São 72 marcas, de norte a sul, que produzem anualmente mais de 32 bilhões de litros de bebidas não alcoólicas que abastecem o dia a dia de milhões de brasileiros. Consumidores esses cada vez mais educados e conscientes, que exigem que as empresas pratiquem o comércio justo com seus fornecedores, incluam e deem plenas oportunidades a seus funcionários e saibam tratar adequadamente seus resíduos, entre muitas outras diretrizes englobadas no conceito ESG.
Acreditamos na autorregulação como forma de compliance e firmamos, ao longo dos anos, fortes compromissos com a sociedade. Desde 2016, nossas empresas associadas não realizam publicidade para crianças abaixo de 12 anos, compromisso auditado pela KPMG, inclusive. Também reformulamos o portfólio vendido nas escolas com essa faixa etária e aprimoramos as informações nos rótulos dos energéticos. A indústria foi uma das grandes apoiadoras do aprimoramento da rotulagem para trazer ainda mais informação ao consumidor e cumpre à risca a nova norma da Anvisa, que teve início no último mês. O setor inclusive saiu na frente, ao lado de mais 11 associações, com o projeto “Olho na Lupa”, site institucional lançado em abril que traz todas as informações sobre a nova rotulagem nutricional didaticamente aos consumidores.
O setor de bebidas não alcoólicas também está, ainda, comprometido na redução de açúcar em seus produtos, fruto de acordo voluntário com o Ministério da Saúde, e que já vem sendo feito há anos. Sempre nos reinventamos, aprimoramos nossas tecnologias, oferecemos opções respeitando a liberdade de escolha dos brasileiros na hora de adquirir os nossos produtos. Basta uma ida ao supermercado, ou acesso aos apps de delivery, para constatar o esforço ímpar da indústria de bebidas não alcoólicas em dar ao consumidor opções nos mais diferentes teores calóricos, formatos, nos mais variados sabores, para os mais diversos momentos de consumo.
Seja qual for a agenda, o setor de bebidas não alcoólicas está sempre pronto para atuar como parte da solução. Em se tratando de ESG não seria diferente. Sempre na vanguarda das iniciativas, nossas associadas investiram, mesmo em meio às crises que nosso país e o mundo atravessam, nesta tão importante agenda estratégica. Vemos, monitoramos, apoiamos e auxiliamos o setor na busca e implementação de ideias e ações visando o tripé compromisso, atuação e diálogo.
Bússola: Como está a diversidade hoje nas empresas associadas e o que está sendo feito para acelerar esta agenda?
Victor Bicca: Na questão da diversidade, as indústrias de não alcoólicos assumiram protagonismo em movimentos e estabelecimento de metas em seus negócios. Um exemplo importante é o Movimento pela Equidade Racial (MOVER), formado por empresas – incluindo companhias do nosso setor – que assumiram juntas a meta de atingir 10 mil cargos de liderança ocupados por pessoas negras até 2030 e gerar oportunidades para outros 3 milhões.
Mas o olhar vai também além deste ponto. As empresas estabeleceram diretrizes robustas de transformar o ambiente organizacional em um ambiente acolhedor e inclusivo para todas as pessoas, livre de discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, que garanta oportunidades e direitos igualitários, com metas e resultados reconhecidos e iniciativas premiadas. O setor de bebidas não alcoólicas brasileiro está empenhado e se orgulha em fazer parte da solução, seja em qual agenda for. Estamos prontos e sempre dispostos a aprimorar e tornar o mundo cada vez melhor.
* Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação
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