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3 perguntas de ESG para Julia Söhnchen Rodrigues, da Eleva

Gerente de responsabilidade social do maior grupo de educação básica do Brasil fala de práticas sustentáveis dentro e fora da sala de aula

Julia Söhnchen Rodrigues, gerente da Eleva (Bússola/Reprodução)
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Bússola

Publicado em 14 de julho de 2022 às 13h25.

Por Renato Krausz

1) Numa rede do tamanho da Eleva, com unidades em todo o Brasil, como endereçar assuntos ambientais como consumo de água e energia?

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Julia Söhnchen Rodrigues: Criamos uma plataforma de sustentabilidade dentro da nossa rede, batizada de "Um Futuro para o Presente”, pela qual acompanhamos toda nossa gestão nos aspectos de governança, meio ambiente, social e de inovação. Com relação ao meio ambiente, implementamos um sistema de gerenciamento de indicadores de ecoeficiência, que apontam o consumo de água e energia em nossas escolas, bem como a geração de resíduos. Isso nos permite acompanhar com frequência semanal estes indicadores e, portanto, atuar com eficiência e rapidez em casos de vazamentos e consumo excessivo. Além disso, adotamos critérios de sustentabilidade para a construção de novas unidades e adequação das atuais.

Com isso buscamos, por exemplo, o uso de lâmpadas LED e a transição para o mercado livre, para uso de fontes renováveis de energia, o reuso de água da chuva e a adoção de temporizadores para a redução no consumo de água. Como resultado do nosso trabalho, estimamos economizar 40 mil m³ de água por ano, o equivalente a 19 piscinas olímpicas.

Utilizamos energia renovável em 29% das nossas atuais unidades, sendo 45 escolas abastecidas por energia solar gerada em "fazendas solares" ou telhados fotovoltaicos, e outras 5 abastecidas através do mercado livre de energia. Com isso, consumimos cerca de 3.600 MWh/ano de energia limpa, reduzindo a emissão de carbono em 455 toneladas anualmente. Nosso grande desafio hoje está na gestão de resíduos. Temos como previsão fechar o ano de 2022 com 30 unidades fazendo coleta seletiva e seguir com isso para as demais nos próximos anos.

2) Houve avanço recente em relação a DE&I entre a alta direção, os funcionários administrativos e os professores?

Julia Söhnchen Rodrigues: Em relação à diversidade, quando olhamos para a quebra de gênero, somos uma empresa formada por 68% de colaboradoras mulheres e na qual 42,5% da alta liderança, de gerente executivo para cima, é feminina, assim como 42,8% do nosso conselho. Valores que chegam a ser mais que o dobro da prática do setor, segundo relatório recente do BTG (10% em conselho, 17% na alta liderança).

Contudo, como grupo, reconhecemos que temos um esforço a ser feito para avançar na agenda de diversidade como um todo. Quando olhamos para o recorte racial, temos 45% dos nossos colaboradores autodeclarados negros, porém, na alta liderança, temos apenas 19%.

Assim, lançamos no último ano o nosso Programa de Diversidade, Equidade e Inclusão, e temos nossos Grupos de Afinidade levantando questões de raça e etnia, gênero, LGBT+ e PCD a serem aprimoradas no Eleva. Investimos em dois pilares principais: 1) engajamento da comunidade, com treinamentos em diversidade, vieses inconscientes, sensibilização para lideranças e formação continuada; e 2) jornada de inclusão, pensando na atração de talentos, com metas de contratação de pessoas negras, formação e desenvolvimento de talentos diversos e a revisão de processos e políticas para a construção de uma Eleva mais diversa.

Olhando para a sala de aula, como grupo de educação, entendemos que a educação de qualidade é fator primordial para romper desigualdades e acelerar a mobilidade social. Investimos mais de R$ 7 milhões em bolsas de estudo em nossas unidades. Temos programas de bolsa que contam com uma estrutura robusta de seleção e acompanhamento desses alunos, atuando em parceria com ONGs e escolas da rede pública na seleção de jovens talentos que recebem suporte na mensalidade e em seu acompanhamento ao longo da trajetória escolar.

3) Como transportar a agenda ESG para dentro da sala de aula, com objetivo de formar cidadãos preocupados desde o berço com o planeta e as pessoas?

Julia Söhnchen Rodrigues: Quando falamos no setor de educação, há um componente muito relevante que é o fato de estarmos educando as futuras gerações. Temos a oportunidade de trazer a sustentabilidade na cultura de nossas escolas, professores e currículo escolar, para que chegue a todos os nossos alunos e suas famílias.

Hoje, no currículo do Laboratório de Inteligência de Vida,  do Infantil ao Ensino Médio, são inseridos temas como igualdade e discriminação e o respeito à diversidade. No olhar para o meio ambiente, contamos com eletivas de sustentabilidade ambiental e os temas são trabalhados na grade curricular dos alunos, com projetos específicos.

É importante que a educação ambiental e o olhar para diversidade e inclusão sejam trabalhados de forma alinhada tanto na Eleva corporativa, a nossa holding e central administrativa, como também no dia a dia das nossas unidades, com nossos alunos. Somente assim, esses valores serão verdadeiramente vividos por todos que caminham conosco nessa jornada.

As marcas da rede desenvolvem as suas ações de ESG com as diretrizes da Eleva, mas têm liberdade para atuarem  de acordo com as suas realidades e o seu DNA. Um dos exemplos de sucesso é o Santi Sustentável, que reúne projetos e propostas curriculares transversais de aprendizagem e consciência no tripé ambiental, social e econômico dos alunos da rede em São Paulo. A rede PH, no Rio de Janeiro, tem projetos como Gota Social, um curso pré-vestibular comunitário voltado para estudantes de baixa renda — quem dá as aulas são os alunos como monitores voluntários. Outro exemplo de destaque é o projeto Anjos do Sigma, no Distrito Federal, projeto social voluntário realizado por alunos que desenvolvem ações sociais e de sustentabilidade, entre elas a arrecadação de donativos para comunidades em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Julia Söhnchen V. Rodrigues é gerente Responsabilidade Social e ESG da Eleva Educação

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