Bússola

Um conteúdo Bússola

3 perguntas de ESG para João Amaral, do projeto Voz dos Oceanos

Diretor geral da iniciativa que percorre o planeta em prol da preservação dos mares fala das principais conquistas até aqui e revela próximos passos

João Amaral, do projeto Voz dos Oceanos (Divulgação/Divulgação)

João Amaral, do projeto Voz dos Oceanos (Divulgação/Divulgação)

B

Bússola

Publicado em 19 de maio de 2022 às 10h47.

Por Renato Krausz*

1. Passados os primeiros oito meses, quais os principais achados da atual expedição da família Schurmann nesse projeto da Voz dos Oceanos?

João Amaral: Primeiramente, nossa jornada pela costa brasileira, entre Santa Catarina e Pará, reforçou a criatividade, a garra e o talento de pessoas, cidadãos “comuns” que individual ou coletivamente estão comprometidas com o bem-estar dos outros e com a saúde do entorno e do planeta. Pessoas tão diversas e incríveis, incluindo jovens estudantes premiados internacionalmente com soluções desenvolvidas durante a pandemia e que têm grande potencial de ir além de um protótipo, tornando-se parte da solução.

Vou dar um exemplo. O Gabriel Fernandes Mello Ferreira, estudante de 17 anos do Ensino Médio em Itajaí, esteve a bordo do veleiro Kat na véspera de ser revelado como o primeiro brasileiro a ganhar o Prêmio Jovem da Água de Estocolmo, que reconhece iniciativas que melhorem a qualidade da água. Com sua invenção, um filtro que retira micro plásticos da água, ele superou outros 32 estudantes de todo o mundo em uma votação popular com 26 mil votos.

Depois, nos encontramos também com os estudantes de Administração Pedro Dantas, Antonio Rocha e Genilson Brito e o estudante de Análise de Desenvolvimento de Sistemas Thiago Barbosa e o de Engenharia Química Ramon de Almeida – todos da equipe da Cafeína. Eles participaram do NASA Space Apps Challenge International 2019, o maior hackathon do mundo, com o projeto Ocean Ride, um dispositivo para recolher partículas de micro plásticos das águas, que garantiu a vitória na competição mundial. A bordo do Kat, ancorado na Baía de Todos os Santos, em Salvador, eles nos contaram sobre a evolução dos protótipos e a espera de finalmente visitar a NASA, na Flórida, onde devem apresentar pessoalmente a solução este ano.

Além de encontrar esses jovens que refletem uma geração que quer e acredita na transformação, contatamos também pessoas “mais experientes” e que já vêm transformando o seu entorno e as suas comunidades, liderando ONGs, iniciativas e projetos, como Arte 8 Reciclagem, Grupo Família na Mesa, Love Trash, Na Laje Designs, Projeto Marulho e Quabales, entre dezenas de atuações para recuperar e preservar os oceanos. Estes são, inclusive, alguns dos destaques e impactos revelados no nosso primeiro Relatório Voz dos Oceanos de Atividades, auditado pela BDO.

2. Que iniciativas inovadoras desse pessoal você pode destacar?

João Amaral: Em Ilha Grande, o Marulho transforma redes de pesca que perderam sua utilidade em produtos como saquinhos para embalar frutas e verduras, bolsas etc. Essa ação combate um dos maiores poluentes dos nossos oceanos, as redes de pesca fantasmas. Na Rocinha, no Rio de Janeiro, conhecemos a Na Laje Designs, que projeta e fabrica produtos sustentáveis a partir de resíduos de plástico coletados na própria comunidade. Lá vimos tampinhas de garrafa PET serem transformadas em lindos skates. Já em Recife, conhecemos a Isabel Nascimento, empresária da indústria têxtil, e o Love Trash, que ela lidera ao lado das mulheres da Comunidade do Bode que, capacitadas, foram incluídas no mercado de trabalho, transformando resíduos da indústria têxtil em jogos americanos, ecobags com divisórias etc. Foram dezenas e dezenas de iniciativas inspiradoras, destacadas em nossos canais oficiais e também em nossos conteúdos audiovisuais produzidos para o Fantástico ou intervalos da programação da Globo.

3. Após a expedição, quais são os próximos passos do projeto?

João Amaral: Do Brasil literalmente para o mundo! Nossa Voz dos Oceanos acaba de iniciar sua etapa internacional e se prepara a grande jornada pela costa dos Estados Unidos. No final deste mês, nossa tripulação deve chegar em Miami e, até novembro, passará também por Fort Lauderdale, Nova York, Hampton & Cape Cod, Boston, Maine, Nova Hampshire, Newport e Rhode Island. Depois dos Estados Unidos segue pela rota internacional até chegar à Nova Zelândia, no segundo semestre de 2023.

Nessa missão em prol dos oceanos, seguiremos navegando por pilares importantes, como o da Comunicação para conscientização e engajamento social; o da Ciência, ao lado da USP, com ações baseadas no conceito de Ciência-Cidadã; o da Educação; e o da Inovação e Arte. A primeira fase dessa grande onda, desse movimento coletivo de transformação chamado Voz dos Oceanos, está planejada para até o final de 2023. Em seguida, daremos início a uma nova fase com uma nova rota alinhada ao propósito e as urgências que a causa revelar no momento atual.

*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | LinkedinTwitter | Facebook | Youtube

Veja também

A corrida pela diversificação das matrizes energéticas do país

Danilo Maeda: o funil do ESG e o perigo da visão estreita

O carro elétrico que dá choque, mas ganha dinheiro

 

Acompanhe tudo sobre:Bússola ESGOceanosSustentabilidade

Mais de Bússola

Aluguel de computadores impulsiona estratégia ESG de uma das maiores empresas tech do Brasil

Cássio Amaral: o Open Insurance e a aguardada transformação digital da indústria de seguros

31% das empresas não conseguem implementar IA por falta de conhecimento técnico, aponta pesquisa

Opinião: e se a próxima grande revolução econômica começasse com uma menina?