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Witzel: Governo federal deve responder por mortes se acabar com isolamento

"Vamos entrar num caos financeiro pela letargia do governo federal em fazer o que tem que ser feito", disse o governador do Rio

Witzel: governadores têm divergido das medidas defendidas pelo presidente Bolsonaro (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Witzel: governadores têm divergido das medidas defendidas pelo presidente Bolsonaro (Fernando Frazão/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de março de 2020 às 10h52.

Última atualização em 26 de março de 2020 às 11h04.

O governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, defendeu que se o governo federal quer suspender o isolamento das pessoas em meio à pandemia de coronavírus, que o faça pelas vias oficiais - como um decreto ou uma determinação do ministro Luiz Henrique Mandetta aos secretários estaduais de saúde, por exemplo - e assuma assim a responsabilidade pelas mortes que serão provocadas pela doença no País.

A declaração foi feita nesta quinta-feira (26), em entrevista à rádio CBN. Witzel, assim como outros governadores, está em atrito com o presidente Jair Bolsonaro sobre medidas que devem ser tomadas no combate à doença.

"O governo federal precisar deixar de falar e colocar no papel. Só podemos fazer e deixar de fazer alguma coisa através de lei ou outros instrumentos", afirmou Witzel. "Assume as responsabilidades e as mortes que vierem", acrescentou.

Witzel queixou-se que uma ameaça real às restrições de circulação de pessoas para prevenir a disseminação do vírus é a demora do governo federal em por em prática as medidas de socorro a trabalhadores e a Estados e municípios. "Vamos entrar num caos financeiro pela letargia do governo federal em fazer o que tem que ser feito", disse à CBN.

"Entre a fome e o medo de morrer, a fome é maior. Como é que você vai falar pras pessoas ficarem em casa sem ter o que comer? Muitos autônomos, taxistas, pessoas que dependem do movimento de rua já estão em desespero. Eu recebo mensagens nesse sentido. Então estou realmente muito preocupado porque acredito que nós não possamos continuar com as medidas restritivas se o governo federal não tomar as providencias que cabem a ele, que é organizar a economia do País", declarou Witzel à emissora.

Maracanã

O governo estadual montará um hospital de campanha no Estádio do Maracanã, na zona norte da capital fluminense, afirmou o governador Wilson Witzel em entrevista ao telejornal Bom Dia Rio da Rede Globo, também na manhã desta quinta-feira. Outros três hospitais de campanha serão montados em três terrenos diferentes afirmou o governador.

A Secretaria de Estado de Saúde informou que inaugurou nesta semana 180 novos leitos no Hospital Regional do Médio Paraíba Zilda Arns, em Volta Redonda, no sul do Estado. Outros 44 foram disponibilizados no Instituto Estadual do Cérebro (IEC), no centro da capital fluminense, e mais 75 devem estar prontos na próxima semana no Hospital Estadual Anchieta, no Caju, na zona portuária da capital. O governo estadual espera chegar a 299 novos leitos até o próximo dia 30.

No último boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde, divulgado na tarde de quarta-feira (25), o Estado do Rio de Janeiro já tinha oito mortes por coronavírus e 370 casos de infectados confirmados. A capital fluminense concentrava 331 casos.

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