William Waack: jornalista foi afastado de suas funções após vídeo com comentário racista vazar na internet / Reprodução/TV Globo (TV Globo/Reprodução)
João Pedro Caleiro
Publicado em 14 de janeiro de 2018 às 12h04.
Última atualização em 15 de janeiro de 2018 às 17h35.
São Paulo - O jornalista William Waack, ex-âncora do Jornal da Globo, publicou neste domingo (14) um artigo no jornal Folha de São Paulo em que se defende das acusações de racismo.
"Aquilo foi uma piada —idiota, como disse meu amigo Gil Moura—, sem a menor intenção racista, dita em tom de brincadeira, num momento particular. Desculpem-me pela ofensa; não era minha intenção ofender qualquer pessoa, e aqui estendo sinceramente minha mão."
É a primeira vez que ele se manifesta sobre a polêmica gerada por um vídeo vazado na internet em novembro do ano passado.
A filmagem é de uma entrevista em 2016 com Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute, do Wilson Center, realizada em um estúdio em frente à Casa Branca, na capital dos Estados Unidos.
“Tá buzinando por quê, seu m. do cacete? Não vou nem falar porque eu sei quem é.” O jornalista olha para o convidado e abaixa a voz: “É preto. É coisa de preto.”
A repercussão do episódio levou ao seu desligamento da TV Globo em dezembro, anunciado em carta conjunta entre o apresentador e a emissora.
No artigo de hoje, Waack agradece o apoio das pessoas que "mesmo bravas com a piada que fiz, entenderam que disso apenas se tratava, não de uma manifestação racista" e reconhece que mesmo piadas podem ser uma consequência irrefletida de um histórico social discriminatório.
Ele reconhece que existe racismo no Brasil, mas que sua vida profissional e pessoal é "prova eloquente" de que sempre combateu intolerâncias de qualquer tipo.
"Não digo quais são meus amigos negros, pois não separo amigos segundo a cor da pele. Assim como não vou dizer quais são meus amigos judeus, ou católicos, ou muçulmanos. Igualmente não os distingo segundo a religião —ou pelo que dizem sobre política."
Waack cita sua defesa feita pela apresentadora Glória Mária, para quem ele não é racista e apenas fez uma "piada de português", e coloca o que aconteceu com ele como parte de um fenômeno mais amplo.
Segundo ele, "grupos organizados das redes sociais" se mobilizam para contestar a "mídia tradicional", que se torna "reféns das redes mobilizadas, parte delas alinhada com o que "donos" de outras agendas políticas definem como "correto".