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"Vocês desmataram suas florestas", diz Guedes a americanos

Ministro defende política ambiental do governo Bolsonaro

Paulo Guedes: ministro ficou contrariado com perguntas feitas sobre questões internas no Brasil (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Paulo Guedes: ministro ficou contrariado com perguntas feitas sobre questões internas no Brasil (Patricia Monteiro/Bloomberg)

AO

Agência O Globo

Publicado em 6 de agosto de 2020 às 18h42.

Última atualização em 6 de agosto de 2020 às 18h44.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, subiu o tom, nesta quinta-feira, ao ser questionado sobre a política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro e rebateu com veemência críticas feitas ao país. Ele participou do evento Aspen Security Forum, organizado pelo Aspen Institute, um centro de estudos de Washington.

— Entendemos a preocupação de vocês (norte-americanos), porque vocês desmataram suas florestas. Vocês querem nos poupar de desmatar a floresta, como vocês desmataram as suas. Sabemos que vocês tiveram guerras civis, também tiveram escravidão e só pedimos para vocês que sejam amáveis como somos amáveis. Vocês mataram seus índios, não miscigenaram — afirmou, falando em inglês.

Guedes afirmou que os militares brasileiros não são “como o general Custer, que matou os índios”:

— Os nossos militares são pessoas gentis.

George Armstrong Custer foi um oficial do exército dos Estados Unidos e comandante de uma unidade de cavalaria durante a Guerra Civil Americana.

O ministro da Economia chegou a ser interrompido na sua última resposta. Guedes argumentou que o Brasil é soberano, ao dizer que a Amazônia é um assunto que diz respeito ao Brasil.

— Os militares estão dizendo, obrigado pela preocupação, mas essa é nossa terra. Não precisamos desmatar a Amazônia para produzir produtos agrícolas — acrescentou.

O Brasil vem sendo pressionado por investidores internacionais e nacionais e grandes empresas a tocar uma agenda ambiental e enfrentar o desmatamento, uma demanda que também vem de uma sociedade cada vez mais consciente.

O ministro ficou contrariado com perguntas feitas sobre questões internas no Brasil. Disse que o país tem uma "democracia vibrante" e que "nós gostamos da democracia".

Em outro evento, mais cedo, este organizado pela Fundación Internacional para la Libertad — entidade presidida pelo Nobel de literatura Mario Vargas Llosa —, Guedes também foi questionado sobre o assunto.

Ele reclamou, em tom mais ameno, das críticas de países europeus ao Brasil. E atribuiu essa situção ao desejo do Brasil de integrar a OCDE, o clube dos países ricos.

Combate à corrupção

No mesmo evento, Guedes foi questionado sobre o combate à corrupção e a saída do ex-ministro Sérgio Moro do governo.

Ele negou que a saída do ex-juiz da Lava-Jato tenha enfraquecido o combate à corrupção. Guedes afirmou que o próprio Bolsonaro é um defensor do combate à corrupção. E lembrou que foi ele quem convidou Moro a integrar o governo, uma semana após as eleições de 2018.

— Não se pode falar que Bolsonaro foi eleito por causa do Moro, não teve esse efeito — afirmou.

Guedes afirmou que quem teve votos foi o Bolsonaro, e não Moro ou ele próprio. E, por isso, qualquer ministro pode ser substituído. Mesma comparação ele fez em relação ao ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta.

— Houve um problema de interpretação entre Bolsonaro e Moro, assim como com o ministro da Saúde (Mandetta) — completou.

Segundo o ministro, o presidente Jair Bolsonaro continua lutando contra a corrupção, sem Moro no governo.

— A corrupção já diminuiu, mas só vai acabar quando alterarmos o modelo econômico do Brasil.

Guedes participou de dois eventos nesta quarta, ambos organizados por estrangeiros. Nos dois eventos, ele foi perguntado sobre o combate à corrupção e sobre a saída de Moro do governo.

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