Fernando Haddad e Lula, antes da vitória petista: ganhando na mais importante cidade, mas perdendo em várias outras, a dúvida é até onde vai a influência do ex-presidente (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2012 às 13h47.
São Paulo – Depois de seu discurso oficial de vitória, o futuro prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, brincou com partidários que era o segundo poste de Lula. O primeiro, como todo mundo sabe, foi a presidente Dilma Rousseff. Lula de fato fez Haddad em São Paulo, a maior e mais importante cidade do país, mas não ganhou em vários outros lugares importantes.
Se adotado como critério apenas os locais onde Lula esteve presencialmente no segundo turno, subindo em palanques, há mais derrotas que vitórias.
Entre as capitais, por exemplo, o ex-presidente participou de comícios em Fortaleza, Cuiabá, Salvador e João Pessoa, onde havia candidatos petistas, e Manaus, onde concorria uma aliada, do PC do B. Com exceção da capital da Paraíba, os candidatos apoiados pelo ex-metalúrgico perderam.
No caso de Manaus, Lula gostaria particularmente de estar do lado vencedor. O eleito foi Arthur Virgílio, líder tucano que o atacou sem muitos constrangimentos no Senado durante todo o governo petista.
A derrota de Virgílio na recondução ao Congresso, dois anos atrás, já havia sido considerada uma vitória de Lula, que se engajou pessoalmente contra o oposicionista na época e hoje. Ganhou uma e perdeu outra.
No primeiro turno, Lula também esteve em comícios de Patrus Ananias, em Belo Horizonte, mas o ex-ministro de Desenvolvimento Social nem levou a disputa ao segundo turno.
Grande ABC
Em São Paulo, Lula compareceu com afinco à região do Grande ABC, onde iniciou sua trajetória de sindicalista e político, além de outras cidades importantes do estado.
Seus candidatos venceram em Guarulhos, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo, Osasco e Jundiaí, mas em Taubaté, Diadema – que o PT comandou nos últimos 12 anos – e Campinas perderam.
O caso de Campinas é mais emblemático, já que se tratou, assim como Fernando Haddad, de uma escolha e indicação pessoal de Lula, que teve Márcio Pochmann como presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) durante a maior parte do período em que ocupou o Palácio do Planalto.
O vencedor em Campinas, Jonas Donizette (PSB), atribuiu a vitória em parte aos escândalos da administração anterior, em que dois prefeitos foram cassados, um deles do PT.
O fato é que, se Lula ainda ganha, também perde. Mas conseguiu, nas últimas duas eleições, conquistar o que era mais crucial para si e o PT.