Vídeo publicado no YouTube mostra policial agredindo aluno; PM afastou envolvidos no caso (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 9 de janeiro de 2012 às 18h58.
São Paulo – Um vídeo divulgado na tarde de hoje mostra um policial militar agredindo um aluno no Centro de Vivência da Universidade de São Paulo (USP). Nas imagens, registradas por um aluno, o sargento André Luiz Ferreira, autor das agressões, chega a sacar a arma e apontar para o estudante.
O aluno, membro de um movimento de greve que se formou na universidade no fim do ano passado – quando um confronto entre estudantes e policiais resultou na ocupação do prédio da reitoria da USP -, estava morando há cerca de um mês no Centro de Vivência. Ele estuda na USP-Leste e preferiu não se identificar.
Por volta das 11h da manhã de hoje, soldados da Polícia Militar (PM) foram ao local para desocupar o espaço, alegando que uma reforma do prédio seria iniciada. O vídeo (veja abaixo), publicado no YouTube por alunos que estavam no prédio, mostra o sargento Ferreira dizendo ao grupo que eles deveriam deixar o local naquele momento.
Os estudantes questionaram a ordem, afirmando que a reforma não tinha data prevista para começar. O sargento pede a um dos jovens que mostre sua identificação de aluno da USP. O aluno se recusa a mostrar o documento e é empurrado por Ferreira, que saca a arma e a aponta para o estudante.
Segundo informações dos alunos, a guarda universitária já havia ido ao prédio na sexta-feira para desocupá-lo, sob o pretexto da reforma que seria iniciada. Os estudantes continuaram no espaço, que teria sido cedido pela própria reitoria ao Diretório Central dos Estudantes (DCE).
Na tarde de hoje, um grupo de cerca de 30 alunos continuava reunido em frente ao prédio do Centro de Vivência, que foi lacrado pelos policiais logo após os eventos registrados nos vídeos, para decidir que providências tomarão em resposta à ação policial. Os estudantes cogitavam acionar o Ministério Público Federal e a Corregedoria da Polícia Militar.
Resposta
Em coletiva de imprensa no fim da tarde, a PM afirmou que afastou das ruas os dois policiais envolvidos no caso e que abrirá sindicância para apurar os acontecimentos. A PM disse ainda que desaprova a atitude do sargento Ferreira e do outro policial que aparece no vídeo, o soldado Rafael Ribeiro Fazolim.
Segundo o coronel Wellington Venezian, que prestou esclarecimentos à imprensa, o sargento que agrediu o estudante agiu em "um momento de desequilíbrio emocional" e deverá ficar dedicado a atividades administrativas até que os fatos sejam apurados, o que deve acontecer em até 60 dias. O sargento pode responder criminalmente pela agressão, caso seja apurado que houve crime.
Ainda de acordo com o cornel Venezian, o sargento Ferreira "claramente não tinha perfil" para atuar no patrulhamento da Cidade Universitária. Atualmente, nove oficiais da PM integram o efetivo que se alterna no patrulhamento do campus.