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Velório de Goldman reúne lideranças de diversos partidos políticos

Desafeto do ex-governador de São Paulo, João Doria não compareceu à cerimônia na Assembleia Legislativa do estado

Alberto Goldman: corpo do ex-governador de São Paulo é velado na Alesp (Mário Rodrigues/Veja São Paulo/VEJA)

Alberto Goldman: corpo do ex-governador de São Paulo é velado na Alesp (Mário Rodrigues/Veja São Paulo/VEJA)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de setembro de 2019 às 15h49.

Última atualização em 2 de setembro de 2019 às 15h52.

São Paulo — O velório do ex-governador de São Paulo Alberto Goldman reuniu na manhã dessa segunda-feira, 2, lideranças políticas de diversos partidos na Assembleia Legislativa de São Paulo. A grande ausência foi o governador João Doria (PSDB), desafeto do tucano. Doria não veio mas decretou luto de três dias e ofereceu o Palácio dos Bandeirantes para a família velar o corpo. Os familiares, porém, optaram pela Assembleia.

Presente ao velório, ex-governador Geraldo Alckmin exaltou o papel de Goldman como referência para os tucanos: "Ele é uma bela luz para orientar os novos tempos do PSDB. Sempre foi muito coerente, com uma linha só: olhar para social, defesa da democracia".

Depois de apoiar Paulo Skaf na disputa pelo governo paulista no ano passado, o ex-governador foi alvo de um pedido de expulsão do PSDB por parte do grupo do governador João Doria. "Goldman foi muito generoso comigo. No ano passado, quando fui candidato a governador, ele abertamente me apoiou apesar de estar no PSDB. Guardo com muito carinho essa atitude", disse Skaf ao chegar ao velório.

O ex-presidente Fernando Henrique, por sua vez, lembrou que esteve ao lado de Goldman no período da democratização e classificou o ex-governador como um homem "correto e sério".

O ex-presidenciável Eduardo Jorge, da Rede, chamou Goldman de "porto seguro" no PSDB. "Essa polarização infernal que o Brasil copiou da Argentina está destruindo o PSDB. A perda de Goldman acelera mais esse processo. Goldman era um porto seguro de pessoas sensatas e fiéis ao ideário social-democrata do PSDB".

A previsão é de que a cerimônia se encerre no começo da tarde, quando o corpo será transportado para o Cemitério Israelita do Butantã, na zona oeste paulistana, onde ocorrerá o enterro, às 15h. Goldman morreu no início da tarde de Domingo (dia 1º).

Ele tinha 81 anos e estava internado desde 19 de agosto no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, após passar mal e ser submetido a uma cirurgia no cérebro.

Membro histórico e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, o ex-senador e vereador Eduardo Suplicy (SP) disse nesta segunda-feira, 2, que foi o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB) que o incentivou a entrar para a política, em 1976, depois de uma conversa da qual também participara o ex-deputado Ulysses Guimarães, entre outros.

Suplicy fez a afirmação ao ser questionado se sua presença, um petista histórico no velório do tucano, era uma prova de que a figura de Goldman transcendia as diferenças partidárias.

"Eu fui deputado estadual em 1978 pelo MDB e convivi com ele. Nós participamos de muitas lutas e muitas vezes vivemos ações comuns. Participamos das Diretas Já e pela campanha por ética na política em 1992. Então, embora em partidos diferentes, é mais que natural que eu esteja aqui prestando solidariedade à família e aos amigos dele", disse Suplicy.

Para o petista, a voz de Goldman fará muita falta especialmente no atual momento do País em que falta diálogo. "Alberto Goldman sempre teve uma voz de bom senso e promoção do diálogo. Estamos vendo hoje situações que levam a atitudes de ódio", disse Suplicy, lembrando o ataque com bombas ao Restaurante Al Janiah na noite de sábado. O restaurante paulistano emprega cerca de 35 refugiados palestinos.

"É uma situação de ódio que não combina com o que nós brasileiros desejamos e acho que o Alberto Goldman está entre aqueles que gostariam de colaborar para um Brasil justo, civilizado e fraterno e por isso estou aqui", disse Suplicy.

Última autoridade a chegar à Alesp, o prefeito Bruno Covas (PSDB) lembrou da ligação que Goldman tinha com seu avô, o também ex-governador Mário Covas.

"Conheci o Alberto Goldman há muito tempo. Era um grande amigo do meu avô, Mário Covas. É uma pessoa que lutou a vida inteira contra a ditadura. Era a favor da democracia, dos mais necessitados. A cidade de São Paulo fica muito triste com a perda do ex-governador Alberto Goldman, uma grande referência do ponto de vista ético, moral e de dedicação à vida pública", disse o prefeito.

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