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Valério nega autoria de lista com repasse a Mendes

A defesa do empresário afirmou ter ficado "perplexa" com o teor do document

STF: a corte começa a julgar na próxima semana o processo do mensalão, no qual Valério é acusado t (Valdemir Cunha/VIAGEM E TURISMO)

STF: a corte começa a julgar na próxima semana o processo do mensalão, no qual Valério é acusado t (Valdemir Cunha/VIAGEM E TURISMO)

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Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2012 às 21h48.

Belo Horizonte - O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza negou nesta sexta, por meio de seu advogado, Marcelo Leonardo, a autoria de documento que relaciona repasse de dinheiro ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A corte começa a julgar na próxima semana o processo do mensalão, no qual Valério é acusado ter operado o esquema que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), foi usado para a compra de apoio político ao governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A defesa do empresário afirmou ter ficado "perplexa" com o teor do documento, divulgado pela revista Carta Capital.

A documentação, encaminhada à Polícia Federal pelo advogado Dino Miraglia Filho, de Belo Horizonte, relaciona supostos repasses de recursos que seriam provenientes de caixa 2 da campanha à reeleição, em 1998, do então governador de Minas e atual deputado federal, Eduardo Azeredo (PSDB). Na lista consta o nome de Gilmar Mendes seguido pela sigla AGU, referência à Advocacia Geral da União, órgão no qual ele atuou entre janeiro de 2000 e junho de 2002. No documento consta a assinatura de Valério.

"Essa lista chegou à minha mão e eu achei por melhor precaução protocolizar na Polícia Federal, fazendo um requerimento de perícia. É uma lista autenticada e o original está em nosso poder. Na lista assinada pelo Marcos Valério consta a Cristiana como beneficiária de um valor de R$ 1,825 milhão, sendo que ela não teria motivo nenhum para receber esse valor", disse Dino Miraglia. Ele se referia a Cristiana Aparecida Ferreira, de 24 anos, que mantinha relacionamento com vários integrantes do primeiro escalão do governo mineiro e foi morta em um flat de Belo Horizonte em 2000.


Miraglia representou a família de Cristiana no julgamento que resultou na condenação do detetive particular Reinaldo Pacífico, ex-namorado da jovem, pela morte."No júri, eu sustentei que era queima de arquivo e que ela carregava malas para o mensalão do PSDB e o promotor sustentou que era um crime passional e ela foi morta pelo ex-namorado", lembrou o advogado. Ele acredita que esse seria o motivo de ter recebido a documentação divulgada nesta sexta.

Miraglia assumiu que teve contato com o ex-ministro petista Nilmário Miranda ao lutar pela libertação de um homem que passou nove anos na prisão por latrocínio e que a própria Justiça assumiu ter sido condenado por engano, mas nega qualquer interesse no processo que será julgado pelo STF. "Não tenho nada com o mensalão, não sou filiado ao PT. Só recebi esse material há uma semana", disse, sem revelar a fonte dos documentos.

Para Marcelo Leonardo, porém, o documento "é falso". Ele confirmou que manteve contato com seu cliente nesta sexta, após a divulgação do caso, e que "Marcos Valério jamais produziu um documento desta natureza". Para o advogado, a documentação, composta por 26 páginas, pode ter sido produzida pelo lobista Nilton Monteiro, envolvido na divulgação da chamada Lista de Furnas e que foi preso em Belo Horizonte acusado de fraudar documentos para extorquir políticos, mas já foi libertado. "Tem todas as características do mesmo tipo de falsidade", avaliou Marcelo Leonardo. "Curiosamente, o documento que aparece isenta o consultor de empresas Nilton Monteiro. Qual o sentido de Marcos Valério assinar documento isentando Nilton Monteiro", indagou o advogado. "A defesa de Marcos Valério reitera seu respeito e confiança no Poder Judiciário, manifestando seu repúdio a qualquer dúvida que seja levantada sobre a credibilidade, a capacidade jurídica e a imparcialidade do Ministro Gilmar Mendes", acrescentou, em nota.

Lula

O ministro Gilmar Mendes esteve no centro de outra polêmica ao se reunir com Lula em abril. As primeiras informações eram de que o ex-presidente teria tentado pressionar o para que o julgamento do mensalão fosse adiado para depois das eleições municipais. Mendes negou ter havido tentativa de chantagem, mas acusou Lula de atuar numa "central de divulgação" de boatos e que "gângsteres" e "chantagistas, bandidos, desrespeitosos" tentavam "melar" o processo. O Grupo Estado tentou falar com a assessoria do ministro no início da noite desta sexta, mas ninguém atendeu.

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