Vacinação de crianças: segundo o Ministério da Saúde, a imunização de crianças de 5 a 11 anos será feita por faixa etária (Stephane Mahe/Reuters)
André Martins
Publicado em 13 de janeiro de 2022 às 16h24.
Última atualização em 13 de janeiro de 2022 às 17h44.
A primeira remessa da vacina da Pfizer contra covid-19 para crianças de 5 a 11 anos chegou nesta quinta-feira, 13, ao Brasil. O lote foi desembarcado ainda na madrugada desta quinta-feira, no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, com um total de 1,248 milhão de doses.
Com a chegada das doses, a expectativa é saber como vai funcionar a vacinação das crianças. Segundo o Ministério da Saúde, a imunização de crianças de 5 a 11 anos será feita por faixa etária, com prioridade para os que têm comorbidades ou sejam portadores de deficiência permanente. De acordo com a nota técnica divulgada pela pasta, a ordem será a seguinte:
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Segundo o ministério, as doses serão distribuídas de forma proporcional aos estados e ao Distrito Federal, de acordo com a população-alvo. As doses começam a ir para os estados a partir da sexta-feira, 14. Até o início da próxima semana, as entregas do primeiro lote de 1,2 milhão de doses, que chegou na madrugada de hoje, 13, ao Brasil, devem estar concluídas.
Cada estado vai divulgar a data de início da vacinação. Cabe às secretarias estaduais de Saúde a distribuição das doses para os municípios. Como cada região tem realidade logística diferente, a definição do cronograma fica por conta dos gestores estaduais e municipais. Algumas cidades já começaram a divulgar o calendário para inicio da aplicação.
Em São Paulo, a previsão é que a imunização de crianças comece a partir da próxima segunda-feira, 17. O governo paulista disponibilizou o pré-cadastro para vacinação em crianças no portal Vacina Já. A cidade do Rio de Janeiro também quer começar a vacinação na mesma data, assim como Goiânia e o Distrito Federal. Porto Alegre planeja iniciar a vacinação na quarta-feira, 19. Em Manaus, a previsão é começar a imunização na terceira semana de janeiro.
Confira abaixo a previsão de chegada das doses em cada unidade da Federação, segundo o Ministério da Saúde:
De acordo com a atualização do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO), do Ministério da Saúde, o intervalo entre as duas doses deve ser de oito semanas. Os pais devem estar presentes na imunização dos filhos e se isso não for possível, a aplicação deve ser autorizada em termo de consentimento assinado por eles.
Não. A possibilidade foi cogitada pelo ministro Marcelo Queiroga, mas foi descartada após a maioria dos participantes da consulta pública organizada pelo Ministério da Saúde ser contra a medida.
As doses de vacinas para crianças fornecidas pela Pfizer ao Brasil fazem parte de um contrato entre a farmacêutica e o governo brasileiro para o fornecimento de 100 milhões de doses de vacinas em 2022. De acordo com o ministro Marcelo Queiroga, cerca de 20 milhões de doses estão previstas para chegar ao Brasil até março. São 4,3 milhões de doses em janeiro; 7,2 milhões em fevereiro e 8,4 milhões em março.
A dose para crianças será diferente da aplicada em pessoas a partir de 12 anos. Os frascos terão cores distintas para evitar erros na aplicação. A embalagem do imunizante para crianças tem a cor laranja e para adultos, roxa.
Segundo dados do IBGE, o Brasil tem cerca de 20,5 milhões de crianças entre 5 a 11 anos. A quantidade seria suficientes apenas para imunizar toda a população desta faixa etária com a primeira dose. Para completar o esquema vacinal de todas as crianças, são necessárias 40 milhões de doses. O Ministério da Saúde diz que encomendará novas doses pediátricas conforme à adesão dos pais pela vacinação infantil.
Nesta quinta-feira, 13, a Anvisa e o Instituto Butantan realizaram mais uma reunião sobre a aplicação da vacina Coronavac em crianças de 3 a 11 anos. Desta vez, as expectativas são altas de que o imunizante seja aprovado em breve — o governador João Doria (PSDB) disse em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 12, que o órgão nacional deve tomar uma decisão na próxima semana.
Na prática, as conversas ocorrem desde meados do ano passado: o Butantan entrou em dezembro com pedido de aprovação da Coronavac para crianças junto à Anvisa, mas a agência havia pedido mais dados.
O que há de diferente é que agora o instituto conta com estudos desenvolvidos pela Universidade Católica do Chile que mostram eficácia e segurança da Coronavac no público menor de idade. Ao todo, 1,4 milhão de chilenos entre 3 e 17 anos tomaram o imunizante "em segurança".
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou, no início do mês, uma série de recomendações sobre a vacinação infantil. A agência sugere que a imunização ocorra em sala separada da de adultos e que a vacina não seja administrada no mesmo período de outras do calendário. Por precaução, é recomendado intervalo de 15 dias.
A Anvisa também recomenda que seja evitada a vacinação de crianças no esquema drive-thru (dentro do carro); que elas fiquem em observação no local por 20 minutos após receber a dose; e que os profissionais de saúde informem os pais sobre possíveis efeitos adversos do imunizante, como dor, inchaço no local da aplicação e febre.
Embora a covid-19 tenha se mostrado, até agora, menos grave em crianças, ainda não se sabe como a variante ômicron, mais transmissível, afeta esse grupo.
Desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde contabilizava 308 mortes entre crianças entre 5 e 11 anos até sexta-feira, 7.
Pediatras se preocupam ainda com a chamada covid longa, as sequelas que permanecem após a recuperação da doença e podem afetar também as crianças recuperadas.
Nos Estados Unidos, estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças mostrou ainda que houve na semana passada o maior número já registrado de infecções por covid-19 em crianças de 4 anos ou menos, ainda não elegíveis para vacinação no país, que só comporta os acima de 5 anos.
No total das faixas etárias, da média de 600 mil casos diários que têm sido registrados nos EUA, um em cada cinco é em crianças, diz o CDC.
As autoridades americanas voltaram a pedir que pais levem as crianças para serem imunizadas. Menos de 20% na faixa entre 5 e 11 anos tomou uma dose nos EUA, embora as doses estejam disponíveis desde dezembro.
Com informações do Estadão Conteúdo, Agência Brasil e O Globo.