"Vacina é uma questão coletiva, não é individual", diz Mourão
Recuperado da doença, Mourão reforçou que tomará o imunizante de acordo com o grupo prioritário em que se encaixa e "sem furar fila"
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de janeiro de 2021 às 11h17.
Última atualização em 11 de janeiro de 2021 às 12h08.
Em seu primeiro dia de trabalho do ano, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta segunda-feira, 11, que os esforços de imunização contra a covid-19 são uma questão "coletiva" e não individual. Recuperado da doença, Mourão reforçou que tomará o imunizante de acordo com o grupo prioritário em que se encaixa e "sem furar fila".
"Eu acho que a vacina, ela é para o País como um todo, é uma questão coletiva, não é individual. O indivíduo aqui está subordinado ao coletivo nesse caso", disse em conversa com jornalistas nesta manhã. A fala vai na direção oposta de declarações do presidente Jair Bolsonaro, que tem minimizado os esforços internacionais de imunização e colocado em dúvida a eficácia das vacinas.
Na semana passada, o chefe do Executivo afirmou que "menos da metade" da população brasileira tomaria a vacina, segundo pesquisas dele próprio feitas em suas aparições públicas "na praia, na rua". O presidente também já negou que tomará a vacina com o argumento de que já teve a doença. Ao contrário de Bolsonaro, Mourão manteve a posição favorável ao imunizante mesmo agora depois de testado positivo para a covid-19 no fim do ano.
"(Tomarei a vacina) dentro da minha vez. Eu sou grupo 2, de acordo com o planejamento (do governo). Não vou furar a fila, a não ser que seja propagandística", declarou. O plano nacional prevê uma primeira etapa de vacinação de grupos prioritários, que somam 49,6 milhões de pessoas, como profissionais de saúde e idosos. Pela idade, Mourão, que tem 67 anos, se encaixa na fase dois do plano.
Insumos
Mourão comentou ainda sobre os estoques de seringas e agulhas, alvo de polêmica na semana passada. "Os Estados têm material para iniciar a imunização e o governo federal pode fazer a requisição de seringa e agulha e complementar aquilo que for necessário", disse o vice.
Na última sexta-feira, dia 8, após uma tentativa fracassada de compra, a Saúde informou à indústria nacional que a requisição administrativa dos estoques dos itens não atinge produtos que já estavam negociados com Estados, municípios e o Distrito Federal. O recuo da pasta ocorreu após o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal ( STF ), impedir que a requisição travasse as agulhas e seringas compradas pelo governo de São Paulo.
Nesta segunda-feira, o vice-presidente também elogiou a atuação de profissionais de saúde no combate ao novo coronavírus. Ele lamentou as mortes pela doença, que já ultrapassam 203 mil, mas destacou que o País conta com mais de 7,5 milhões de brasileiros recuperados. "O que é a realidade é que a nossa medicina está salvando mais de 97% das pessoas que são contaminadas. Infelizmente tem esse número elevado (de mortes)", finalizou.