União Brasil deixa 3ª via e anuncia chapa pura para concorrer ao Planalto
Deputado, que é o pré-candidato da legenda, fez o comunicado por meio de um vídeo nas redes sociais
Agência O Globo
Publicado em 5 de maio de 2022 às 07h18.
Última atualização em 5 de maio de 2022 às 08h58.
Partido com maior poderio econômico da chamada terceira via, o União Brasil formalizou nesta quarta-feira que o deputado Luciano Bivar (PE) pretende seguir sozinho na disputa pela presidência da República, quebrando o compromisso firmado com MDB e PSDB para construir um nome de consenso para concorrer ao Palácio do Planalto até o dia 18 deste mês. O recuo do União evidencia o enfraquecimento do grupo que buscava uma aliança de centro.
"Hoje é o 'Dia D' para a definição. Esperamos até o último momento para ver se faríamos uma coligação com outros partidos. Entretanto, outros partidos não tiveram a mesma unidade que tem o União Brasil. Então, não restou a nós uma única alternativa a não ser sair em uma chapa pura", disse Bivar, em vídeo divulgado pela assessoria de imprensa.
"A gente não aceita, eu me recuso a aceitar os extremos que estão aí estabelecidos. É por isso que o União segue em frente para essa candidatura, definitivamente, para em outubro deste ano nós nos candidatarmos e sermos presidente desse país", acrescentou.
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No mês passado, Bivar já havia anunciado que não iria mais participar dos encontros da terceira via, após ser anunciado como pré-candidato do seu partido. Na última reunião, há uma semana, ele foi representado pelo vice, Antonio Rueda, e pelo líder do União na Câmara, Elmar Nascimento (BA).
Apesar de o rompimento não ter sido anunciado formalmente na ocasião, o encontro serviu para afastar de vez o União do bloco.
Na avaliação de integrantes da legenda, ficou claro que as legendas não abririam mão de seus respectivos candidatos como cabeça de chapa. Além disso, também não houve abertura para um eventual acordo com o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes.
Para integrantes do MDB e do PSDB, no entanto, o nome de Bivar como pré-candidato é apenas uma forma de apresentar um nome neutro e garantir que os integrantes da legenda possam apoiar quem quiserem na disputa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou o presidente Jair Bolsonaro. Mas não é uma candidatura "para valer". Do contrário, acreditam que ele escolheria um nome mais competitivo, como o ex-ministro Sergio Moro ou o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.
O União Brasil detém o maior fundo eleitoral e tempo de televisão entre as siglas e por isso o apoio da legenda é cobiçado por outras.
No último final de semana, um dos apoiadores da candidatura de Simone Tebet no MDB, o ex-deputado Daniel Vilela (GO), avaliou que a saída do União Brasil pode enfraquecer politicamente o nome dela no partido.
"Para mim, aqui em Goiás, é mais confortável (apoiar) a candidatura da Simone Tebet, mas não sei se ela irá se confirmar na convenção, em razão da fragilidade política, principalmente com essa saída do União Brasil", disse Vilela, ao GLOBO.
Após o anúncio do União, entretanto, o presidente do MDB, Baleia Rossi, reforçou que "o melhor caminho é apoiar Simone Tebet".
Mais cedo, o MDB reuniu a Executiva Nacional, em Brasília, para debater os próximos passos da pré-candidata. Segundo o deputado Alceu Moreira (RS), foram analisadas pesquisas qualitativas de intenção de voto e constatado que Simone, apesar da dificuldade em decolar, tem espaço para crescer na disputa.
A situação do pré-candidato do PSDB, João Doria, também é delicada dentro do seu partido. Nas últimas semanas, Doria, que já enfrentava desgaste com alguns tucanos, demitiu o presidente do PSDB, Bruno Araújo, da coordenação da pré-campanha.
Doria está em Brasília para tentar convencer os tucanos a apoiá-lo na candidatura própria. De acordo com um integrante da bancada, entretanto, há forte resistência a essa possibilidade. O resultado das próximas pesquisas, na visão de um parlamentar, será crucial para garantir que Doria permaneça na disputa. Na visão de parte da bancada, o ex-governador de São Paulo precisa atingir pelo menos 7% das intenções de voto.