Brasil

Unesp tem 1.148 funcionários que ganham mais que Alckmin

Entre professores ativos, são os com mais tempo de carreira, e também quem está em cargos de gestão, como diretor


	Unesp: entre professores ativos, são os com mais tempo de carreira e em cargos de gestão, como diretor
 (CTIG/Unesp)

Unesp: entre professores ativos, são os com mais tempo de carreira e em cargos de gestão, como diretor (CTIG/Unesp)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2015 às 17h18.

São Paulo - A Universidade Estadual Paulista (Unesp) paga salários acima do teto a 1.148 servidores - 624 ativos e 524 aposentados, segundo dados da reitoria. O máximo constitucional é a remuneração do governador Geraldo Alckmin (PSDB), de R$ 21.631.

Em outubro, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que as remunerações dos servidores públicos devem respeitar o limite legal. A universidade, porém, tenta mudar o teto para evitar o corte.

Dos cerca de 4 mil docentes que dão aulas hoje, 602 (15%) ganham acima do teto. Na maioria, são os com mais tempo de carreira, que já acumularam quinquênios e outros benefícios, e também quem está em cargos de gestão, como diretor.

Dos atuais técnico-administrativos, 12, em quase 7 mil, estão acima do limite salarial. No grupo superior ao teto também há 10 procuradores jurídicos, classificados em outra categoria funcional.

Entre 524 aposentados que ganham acima, a maioria é professor - 465. A Unesp não informou os valores das remunerações.

Em 2014, os reitores das três estaduais - Unesp, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - pediram a Alckmin e aos deputados para igualar o teto do ensino superior público paulista ao das universidades federais: 90,25% do salário dos ministros do STF, o que corresponde hoje a R$ 30,4 mil. Até agora, não tiveram sucesso.

O reitor da Unesp, Julio Cezar Durigan, disse ao Estado que seguem as negociações para aumentar o teto. Caso não consiga, os salários serão reduzidos. "Possivelmente isso (corte) vai ter de ser feito até o fim do ano."

As contas da Unesp já foram reprovadas ao menos duas vezes pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) por exceder o máximo salarial.

Em outubro, o STF reduziu as controvérsias sobre o tema ao dizer que devem ser incluídos no cálculo do teto benefícios recebidos antes de 2003. Naquele ano, uma emenda constitucional regulamentou o limite salarial para funcionários públicos.

Até então, benefícios anteriores a 2003 não eram levados em conta. Para os servidores com benefícios agregados após essa data, a Unesp atende a uma recomendação do TCE de congelar os salários no limite constitucional e não permitir aumentos.

Efeitos

Para Durigan, a redução do teto vai desestimular talentos da universidade. "O docente que está no auge da profissão, orientando doutores e fazendo pesquisas de ponta até no exterior, receberá a notícia de que o salário será cortado." Em caso de redução salarial, a reitoria crê que os afetados vão questionar a medida na Justiça.

Os valores acima do teto representam 1% do gasto mensal com salários, hoje em R$ 180 milhões. "É a economia no lugar errado", diz. "Os salários não são aviltantes." Segundo Durigan, o teto não era cumprido porque se seguia o método antigo de cálculo, que não considerava os benefícios pré-2003.

Para Élida Graziane, do Ministério Público de Contas de São Paulo, as universidades têm recorrido a "brechas interpretativas" para escapar do teto. "É como se duvidassem da força normativa da Constituição", critica. "Não há acréscimos ao teto, como se fossem 'puxadinhos'."

As entidades sindicais de docentes e servidores da universidade, Adunesp e Sintunesp, disseram que também reivindicam a mesma elevação do teto salarial pedida pelos reitores.

Durigan ainda informou que, nas próximas semanas, vai divulgar a lista de salários dos servidores no portal da universidade. A forma de consulta dos dados ainda está sendo definida.

Desde 2011, quando foi criada a Lei de Acesso à Informação, a universidade é acusada de falta de transparência por não mostrar a lista de remunerações. De acordo com o reitor, a preocupação era com a segurança dos funcionários.

Acompanhe tudo sobre:Ensino superiorFaculdades e universidadesGeraldo AlckminGovernadoresPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosUnespUnicampUSP

Mais de Brasil

Após queda de avião da Voepass, STF julga sigilo de informações em acidentes aéreos

Avião da Voepass operava com autorização para deixar de gravar 8 tipos de informação na caixa-preta

Greve dos Correios: sindicato mantém paralisação, mas empresa cita normalidade de serviços

FAB conclui primeira etapa de investigação de avião que caiu em Vinhedo (SP)

Mais na Exame