Brasil

Um segue detido após protesto contra aumento de tarifa em SP

O jovem aparece em vídeo que mostra policiais militares revistando manifestantes e um objeto sendo colocado pelos agentes na mochila de um dos presos

Movimento Passe Livre (MPL) realiza ato contra o aumento das tarifas do transporte público na cidade de São Paulo (Paulo Pinto/Fotos Públicas)

Movimento Passe Livre (MPL) realiza ato contra o aumento das tarifas do transporte público na cidade de São Paulo (Paulo Pinto/Fotos Públicas)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2016 às 17h16.

São Paulo -- Apenas um 17 dos detidos no protesto desta sexta-feira (8) contra o aumento da passagem do transporte público continua detido na capital paulista. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), ele responde por dano qualificado e porte de explosivo.

O jovem é o que aparece no vídeo feito pelo coletivo Jornalistas Livres, que mostra policiais militares revistando manifestantes e um objeto sendo colocado pelos agentes na mochila de um dos presos. Para o grupo, a prova foi forjada.

Sobre as imagens, a secretaria informou que “não há indícios de má conduta por parte dos policiais militares”. Segundo a SSP, filmagens da Polícia Militar (PM) mostram o jovem atirando um artefato explosivo contra as viaturas e agentes de segurança que estavam no local.

“A Polícia Civil aguarda as imagens sem edição que, de acordo com o advogado do preso, a repórter responsável pela divulgação do vídeo nas redes socais, prontificou-se a fornecer para investigação e perícia”, diz a nota.

A estudante Laura Viana, integrante do Movimento Passe Livre (MPL), que convoca os protestos contra o aumento das tarifas, diz que esse tipo de prática é comum em protestos. “A gente só conseguiu ver em vídeo agora, mas já sabia que [isso] acontecia”, disse Laura à Agência Brasil.

Ela destaca que, normalmente, são feitas três acusações a quem participa de protestos – desacato, dano ao patrimônio e formação de quadrilha –, mas que não há provas de tais delitos.

“São acusações que só dependem do que o policial está falando. Nunca fornecem uma prova externa. Muitas vezes, aparece uma garrafa de vidro quebrada na bolsa, uma coisa que tem cara de artefato explosivo, mas muitas vezes nem é. Então a gente sabe que é praticamente uma política interna deles, tentar forjar esse tipo de coisa”, afirmou.

Manifestação

O ato de ontem (8) teve início na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Theatro Municipal, e, ao chegar à Avenida 23 de Maio, foi dispersado pela PM com o uso de balas de borracha e bombas de gás. Uma nova manifestação está marcado para terça-feira (12).

A PM estimou que 3 mil pessoas participaram do protesto de sexta-feira. O MPL calculou 10 mil pessoas. A nova tarifa, de R$ 3,80, entrou em vigor hoje (9). O valor anterior era R$ 3,50.

Laura disse que o protesto foi positivo, mas considerou desmedida a reação da polícia. Em nota, a Secretaria de Segurança disse que a ação foi necessária porque um “grupo de vândalos invadiu uma pista da Avenida 23 de Maio e tentou parar o carro de uma motorista.

A PM precisou reagir para evitar que o veículo fosse danificado e a mulher, ferida”. Laura, no entanto, afirmou que a justificativa da SSP "previu" um delito que não tinha ocorrido. “Ninguém chegou a depredar alguma coisa, mas eles anteveem.”

Ela explicou que os manifestantes passariam por uma das faixas da avenida, seguindo o fluxo dos carros, mas um grupo avançou para a faixa contrária. “Nessa hora, a polícia atacou. Era uma coisa que eles poderiam ter feito só forçando o cordão de policiais um pouco mais para juntar na faixa já ocupada. Não era necessário estourar bomba e destruir o ato.”

O Movimento Passe Livre  é o mesmo grupo que convocou os protestos iniciais de junho de 2013. Laura ficou satisfeita com o número de participantes do protesto de ontem e disse que a conjuntura atual deve impulsionar ainda mais as próximas convocações.

“Naquele ano, foi mais uma surpresa. Já estava todo mundo farto dos aumentos, mas não se tinha visto uma manifestação daquela proporção. O que ganhou mais gente para as ruas foi esse elemento de coisa nova. Agora acho que é mais uma coisa de 'vamos fazer aquilo que a gente já sabe que dá certo'.”

Aumento da tarifa

Segundo a Secretaria Municipal de Transportes, responsável pelos ônibus municipais, e a Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos, que cuida da atividade dos metrôs e trens estaduais, o reajuste ficou abaixo da inflação acumulada desde o último reajuste, em 6 de janeiro de 2015.

A inflação acumulada no período ficou em 10,49% e o aumento das tarifas foi estipulado em 8,57% para o bilhete unitário.

A tarifa de integração entre ônibus e trilhos [metrô e trens] passa de R$ 5,45 para R$ 5,92. Já os bilhetes temporais 24 horas, madrugador, da hora, semanal e mensal terão os preços mantidos.

De acordo com as secretarias, 53% dos usuários do sistema de transportes não serão impactados pela mudança na tarifa unitária, porque são beneficiários de gratuidades, usam bilhetes temporais que não terão aumento, ou são trabalhadores que já pagam o limite legal de 6% do salário para o vale-transporte.

Acompanhe tudo sobre:mobilidade-urbanaMovimento Passe LivreÔnibusPolícia MilitarPolítica no BrasilProtestosProtestos no BrasilTarifasTransporte públicoTransportes

Mais de Brasil

Lula, 'BolsoNunes' e 'paz e amor': convenção dá tom de como será a campanha de Boulos em SP

Sob gestão Lula, assassinatos contra indígenas no Brasil aumentam 15% em 2023, aponta relatório

PRTB marca data de convenção para anunciar candidatura de Marçal no mesmo dia do evento de Nunes

Moraes defende entraves para recursos a tribunais superiores e uso de IA para resolver conflitos

Mais na Exame