A falta (e o excesso) de comida no Brasil em 10 fatos
Ao mesmo tempo em que 7 milhões de pessoas convivem com a fome, o excesso de peso preocupa. Veja dados reveladores sobre a fome e o sobrepeso no Brasil
Rita Azevedo
Publicado em 20 de agosto de 2015 às 06h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h35.
São Paulo – Terra de contrastes, o Brasil lida hoje com dois desafios relacionados à alimentação : enquanto 7 milhões de pessoas ainda dormem com a barriga vazia, mais da metade da população está acima do peso. Nos últimos dez anos, o país conseguiu reduzir pela metade a parcela de pessoas que viviam sem comida no prato. A conquista, no entanto, não significa que o país superou totalmente o problema da fome. Em estados como o Maranhão, seis em cada dez domicílios têm problemas para conseguir alimentos. Por outro lado, o número de pessoas com quilos a mais na balança só aumenta. Em 2006, 42,6% da população estava acima do peso. Já em 2013, essa parcela passou para 50,8%. O excesso de peso, a má alimentação e o sedentarismo são fatores de risco para doenças crônicas – responsáveis por sete em cada dez mortes no país. Navegue pelos slides e veja dez dados que retratam a fome e o excesso de peso no país. Os números foram retirados de pesquisas do Ministério da Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ), da Embrapa e da FAO, braço da ONU dedicado à alimentação e à agricultura.
Na mesa de, pelo menos, 2 milhões de domicílios brasileiros falta comida. Isso significa que, apesar dos avanços dos últimos anos, ao menos, 7,2 milhões de pessoas ainda passam fome no país. Os dados do IBGE, referentes a 2013, mostram que a situação é ainda mais grave dependendo da região do país. No Nordeste, por exemplo, 38,1% das casas vivem com o fantasma da fome em algum grau: da redução da quantidade de comida no prato até a total privação de alimentos.
No Maranhão, seis em cada dez domicílios têm problemas para conseguir alimentos. É a pior situação entre os estados brasileiros, segundo o IBGE. Em 2013, quase um quarto dos lares maranhenses convivem com duas situações tristes: ou seus moradores comiam muito pouco ou passaram fome.
Em 2013, 14,3 milhões de brasileiros maiores de dez anos passavam fome. Destes, 54,7% estavam ocupados -- ou seja, mesmo trabalhando não tinham condições de se alimentar bem. Dos ocupados, três em cada dez ocupados exerciam atividades agrícolas.
Comprar fiado é a estratégia mais usada pelas famílias na hora de driblar a falta de comida. Segundo o IBGE, 43,3% das famílias com algum tipo de restrição aos alimentos têm essa atitude para não dormir com fome. A segunda atitude mais adotada é pedir alimentos emprestados a parentes ou vizinhos.
A quantidade de alimentos desperdiçados no país é o suficiente para alimentar mais de 19 milhões de brasileiros. Dados da FAO, braço da ONU dedicado à alimentação e à agricultura, mostram que na América Latina, 15% dos alimentos disponíveis são desperdiçados por ano – o que daria para encher o prato de 30 milhões de pessoas.
O número de pessoas com excesso de peso no Brasil tem aumentado nos últimos anos. Em 2006, segundo dados do Ministério da Saúde, 43% dos adultos estavam com sobrepeso. Em 2013, o percentual passou para 52,5%. Os dados fazem parte da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) do Ministério da Saúde. O sobrepeso é mais comum em homens – 56,5% da população masculina sofre com o excesso de peso. No caso das mulheres, o percentual é de 49,1%.
É mais difícil encontrar frutas e hortaliças na refeição dos homens no Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que 28,2% da população feminina consome regularmente a quantidade recomendada de frutas e hortaliças. No caso dos homens, o percentual é bem menor – apenas 19,3%. Pouco mais de 16% da população adulta afirma substituir o almoço ou o jantar por um lanche. A prática é mais comum entre as mulheres – quase 19% delas afirmam ter esse hábito. No caso dos homens, apenas 13% deixa um prato de comida por um cachorro quente.
No Brasil, segundo números do Ministério da Saúde, 1,9% das pessoas com menos de cinco anos apresentam baixo peso. Em contrapartida, 7,3% das crianças nessa faixa etária estão com excesso de peso. A prevalência de sobrepeso em crianças varia de região para região. No Sul, 9,4% das crianças estão nessa situação. Já no Norte, 6,2% da população infantil sofre com o excesso de peso. Na faixa etária dos cinco aos nove anos, o percentual de crianças com sobrepeso aumenta e chega a 33,5%.
Caprichar no sal da salada é um dos hábitos dos brasileiros que mais preocupam as autoridades de saúde. Apesar do consumo médio de sal no Brasil ser duas vezes maior que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), só 16% dos brasileiros consideram que a quantidade usada nas refeições é excessiva.
A capital do Amazonas lidera a lista de cidades com maior percentual de adultos acima do peso. Em 2013, segundo dados do Ministério da Saúde, 56,2% dos adultos afirmaram ter excesso de peso. São Luís aparece do lado oposto do ranking, com o menor índice de adultos com excesso de peso: 46%.