A Associação Nacional dos Procuradores da República promove nesta quinta-feira o último debate entre os candidatos a procurador-geral da República. É a sexta oportunidade de sabatinar o substituto de Rodrigo Janot, em momento que a Operação Lava-Jato está a pleno vapor. Participam os oito subprocuradores que se demonstraram interessados pelo cargo. São eles Carlos Frederico Santos, Eitel Pereira, Ela Wiecko, Franklin Rodrigues da Costa, Mario Luiz Bonsaglia, Nicolao Dino, Raquel Dodge e Sandra Cureau. A eleição acontece na próxima terça-feira 27. A posse, só em setembro.

Até aqui, os apoiadores da Operação Lava-Jato podem ter certa tranquilidade. Nas edições anteriores do debate, predominou a agenda de combate à corrupção que vem norteando a procuradoria. Frases no sentido de manutenção da operação e otimização das investigações foram largamente usadas. Como tudo no Brasil, no entanto, há sempre o frio na barriga.

O presidente Michel Temer, que deve ter contra si uma denúncia apresentada nos próximos dias, é quem escolhe o próximo procurador-geral. Pela lei, pode simplesmente ignorar a lista tríplice que se forma da eleição da ANPR e indicar um nome qualquer. A lista só ganhou força no governo Lula, que convencionou a indicação do mais votado pela categoria.

Com o destino do presidente e dos mais influentes políticos nas mãos, a posição se torna estratégica. Caciques políticos, inclusive, têm sua candidata favorita. Segundo o jornal O Globo, Raquel Dodge conta com apoio do ex-presidente José Sarney, do senador Renan Calheiros, do ex e do atual ministros da Justiça Osmar Serraglio e Torquato Jardim, além do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Ao menos, a subprocuradora deve ter apoio suficiente para entrar na lista tríplice. O preferido de Temer, segundo o jornal, é Mario Luiz Bonsaglia, que também deve estar na lista. O terceiro nome ainda é incerto. Nicolao Dino, que se destacou pelas discussões com Gilmar Mendes no julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE, seria o preferido de Rodrigo Janot.

O debate acontece das 14h às 17h, na sede do MPF em Brasília.