MICHEL TEMER: ele deve assumir a presidência em definitivo hoje e, poucas horas depois, embarcar para a China / Adriano Machado/ Reuters
Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2016 às 06h31.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h52.
Para Michel Temer, é dia de glória – ou de um desastre retumbante. Por volta das 14h, o Senado deve afastar definitivamente a presidente Dilma Rousseff do exercício do mandato. O rito de passagem ainda não está fechado, mas Temer deve assinar o termo de posse em algumas horas. Na sequência, convocará a primeira reunião ministerial e, logo depois, terminar de gravar um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, que será exibido às 20h30. Assim que possível, embarca para a China, onde acontece o encontro do G-20.
“Temer vai tentar mostrar que a situação está completamente resolvida, que o impeachment é passado e que ele é o chefe de estado único do Brasil”, diz Francisco Almeida, analista político da consultoria Barral M Jorge. Para a viagem, ele convidou ministros e parlamentares como o presidente do Senado, Renan Calheiros e os deputados Pauderney Avelino, Beto Mansur, Altineu Côrtes e Fábio Ramalho, com o objetivo de azeitar uma relação que será essencial no segundo semestre. O ex-ministro Romero Jucá não foi chamado.
Na volta da China, certamente no dia seis, começam de fato os trabalhos. A primeira tarefa será uma minirreforma ministerial, que deve vir ainda antes das eleições municipais. Ministros que causaram polêmica, como Ricardo Barros, da Saúde, e Fábio Osório, da Advocacia Geral da União, são os favoritos para serem substituídos, assim como o ministro interino do Turismo, Alberto Alves. Pressão por cargos não faltará. Há chance de Temer criar novamente o Ministério do Desenvolvimento Agrário. O Solidariedade, do deputado Paulinho da Força, apoiador do impeachment, quer um ministério para chamar de seu.
No campo econômico, a prioridade número um é aprovar o projeto que limita o crescimento de gastos públicos à inflação do ano anterior. Projetos de privatizações e concessões também devem ter novidades ainda em setembro. As reformas da previdência e trabalhista, na melhor das hipóteses, ficam para o final do ano. O Orçamento de 2017 será entregue ao Congresso ainda hoje. Pouco a pouco, a economia deve tomar o lugar da política na pauta do governo. O país tem pressa.