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Todos os dias o Brasil tem "um Carandiru e meio" em mortes

Jovens e negros ainda seguem sendo as maiores vítimas das armas de fogo no Brasil

Mapa da Violência: jovens e negros ainda seguem sendo as maiores vítimas das armas de fogo no Brasil (Thinckstock)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2016 às 14h57.

São Paulo - Subiu em 415% o número de assassinatos por arma de fogo no Brasil nos últimos 35 anos. Essa é uma das revelações apontadas pelo Mapa da Violência 2016, parcialmente divulgado pelo Jornal da Dez, da GloboNews, na noite desta segunda-feira (22). A maioria das vítimas segue uma triste premissa já conhecida: homens, jovens e negros.

O levantamento mostra que, se em 1980 morreram 8.710 vítimas de disparos de arma de fogo, em 2014 o número saltou para 44.861.

O documento, produzido pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), mostra ainda que há uma repetição de cenários no que diz respeito ao perfil das vítimas, o que sinaliza uma falta de mobilização de autoridades e da sociedade.

“Todos nós nos horrorizamos com o Massacre do Carandiru (em outubro de 1992, em São Paulo), quando no fim do século passado morreram 111 detentos fuzilados no presidio do Carandiru. Foi um escândalo internacional. Em nosso país, todos os dias, acontece um Carandiru e meio, exatamente um Carandiru e meio, e ninguém se preocupa”, disse à GloboNews o sociólogo Julio Jacobo Waiselfiz, que coordena o trabalho.

Tomando por base os dados de 2014, 60,4% das vítimas de arma de fogo no Brasil têm entre 15 e 29 anos, sendo 94,4% delas homens.

Entre 2004 e 2014, o número de assassinatos de negros subiu 49,9%, ao passo que as mortes de brancos caíram 18,2% no mesmo período no País.

Outro ponto levantado pelo Mapa da Violência 2016 é o de que cerca de 200 mil vidas foram poupadas a partir de 2004, quando do início da campanha do Estatuto do Desarmamento – que passou a vigorar em 2005 e que hoje é alvo da Bancada da Bala no Congresso Nacional, que quer a sua flexibilização.

“Estamos certos, todos os que pesquisam essa área, que mais armas (significam) mais mortes”, completou Waiselfiz. À GloboNews, o secretário estadual de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, expressou concordância com o Estatuto do Desarmamento. O Rio é o terceiro Estado com mais mortes por arma de fogo, com 3.582 homicídios, atrás da Bahia (4.441) e Ceará (3.792).

“Uma arma de fogo, seja na mão de quem for, é potencialmente a possibilidade de um homicídio. Mas a ideia, pelo menos no Congresso Nacional, é abrir a possibilidade de mais pessoas terem acesso à arma de fogo”, avaliou Beltrame.

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São Paulo - Subiu em 415% o número de assassinatos por arma de fogo no Brasil nos últimos 35 anos. Essa é uma das revelações apontadas pelo Mapa da Violência 2016, parcialmente divulgado pelo Jornal da Dez, da GloboNews, na noite desta segunda-feira (22). A maioria das vítimas segue uma triste premissa já conhecida: homens, jovens e negros.

O levantamento mostra que, se em 1980 morreram 8.710 vítimas de disparos de arma de fogo, em 2014 o número saltou para 44.861.

O documento, produzido pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), mostra ainda que há uma repetição de cenários no que diz respeito ao perfil das vítimas, o que sinaliza uma falta de mobilização de autoridades e da sociedade.

“Todos nós nos horrorizamos com o Massacre do Carandiru (em outubro de 1992, em São Paulo), quando no fim do século passado morreram 111 detentos fuzilados no presidio do Carandiru. Foi um escândalo internacional. Em nosso país, todos os dias, acontece um Carandiru e meio, exatamente um Carandiru e meio, e ninguém se preocupa”, disse à GloboNews o sociólogo Julio Jacobo Waiselfiz, que coordena o trabalho.

Tomando por base os dados de 2014, 60,4% das vítimas de arma de fogo no Brasil têm entre 15 e 29 anos, sendo 94,4% delas homens.

Entre 2004 e 2014, o número de assassinatos de negros subiu 49,9%, ao passo que as mortes de brancos caíram 18,2% no mesmo período no País.

Outro ponto levantado pelo Mapa da Violência 2016 é o de que cerca de 200 mil vidas foram poupadas a partir de 2004, quando do início da campanha do Estatuto do Desarmamento – que passou a vigorar em 2005 e que hoje é alvo da Bancada da Bala no Congresso Nacional, que quer a sua flexibilização.

“Estamos certos, todos os que pesquisam essa área, que mais armas (significam) mais mortes”, completou Waiselfiz. À GloboNews, o secretário estadual de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, expressou concordância com o Estatuto do Desarmamento. O Rio é o terceiro Estado com mais mortes por arma de fogo, com 3.582 homicídios, atrás da Bahia (4.441) e Ceará (3.792).

“Uma arma de fogo, seja na mão de quem for, é potencialmente a possibilidade de um homicídio. Mas a ideia, pelo menos no Congresso Nacional, é abrir a possibilidade de mais pessoas terem acesso à arma de fogo”, avaliou Beltrame.

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