Filme "Polícia Federal - a lei é para todos", sobre a Lava Jato (Facebook/Reprodução)
Luiza Calegari
Publicado em 1 de setembro de 2017 às 06h30.
Última atualização em 1 de setembro de 2017 às 08h26.
São Paulo – Estreia nesta quinta-feira (7) o filme “Polícia Federal – a lei é para todos”. Com direção de Marcelo Antunez (de "Até que a sorte nos separe 3"), o longa deve ser o primeiro de uma trilogia sobre a operação Lava Jato.
Baseada no livro de mesmo nome, de Carlos Graieb e Ana Maria Santos, a trama acompanha a jornada da Lava Jato antes das notícias, partindo de um detalhe pouco divulgado: como uma investigação de rotina, que interceptou uma quadrilha de tráfico de drogas, levou ao doleiro Alberto Yousseff.
A partir de então, a história é conhecida: a PF encontra um elo entre o doleiro e um ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Com os depoimentos obtidos, a investigação desmantela uma rede de corrupção que sangrou a Petrobras e os cofres públicos em esquemas sofisticados de pagamento de propina e lavagem de dinheiro.
“Polícia Federal – a lei é para todos” adota um tom didático para explicar a operação e o andamento das investigações. Alguns trechos espelham fielmente os depoimentos reais, mas muito do filme é ficção.
Em primeiro lugar, os agentes da Polícia Federal e membros do Ministério Público são personagens fictícios. Antunez justifica a escolha afirmando que, pelo próprio caráter dos trabalhos, foram muitos investigadores participando da Lava Jato.
“Não teve ninguém na PF que participou de todas as fases, de todos os momentos, desde o começo. Mas para o cinema isso seria horrível. Tomamos essa liberdade de fazer personagens que representavam a totalidade das equipes”, justifica o diretor.
Outras figuras públicas tiveram suas identidades mantidas, como o o juiz Sérgio Moro, oex-presidente Lula, o doleiro Alberto Yousseff e o empresário Marcelo Odebrecht. Resumindo: os acusados são todos nomeados.
O ápice da história é a condução coercitiva do ex-presidente Lula para prestar depoimento, que foi colhido no salão presidencial do Aeroporto de Congonhas. Segundo Antunez, essa foi a locação mais difícil de obter autorização para as filmagens.
Nesse critério, inclusive, o filme não economizou: há até uma “reprodução” da mansão de Marcelo Odebrecht, na qual o empresário é preso.
A equipe pôde acompanhar a Polícia Federal, inclusive durante as investigações, para ter uma ideia do clima do trabalho. Eles também usaram carros, roupas e armas da própria corporação. “A intenção foi mostrar o lado humano desses profissionais”, diz o ator Antonio Calloni, que interpreta o delegado da PF responsável pelas investigações.
O maior mistério sobre o filme, no entanto, continua sendo seu financiamento: sabe-se que custou 16 milhões de reais, mas não se sabe quem pagou.
“Os investidores queriam o retorno financeiro que o filme poderia dar, mas não queriam ter o nome atrelado a nenhuma possível polêmica. Por isso, assinamos contrato de confidencialidade”, diz Antunez.