Tensão geral: os inquéritos de Janot
A famosa “delação do fim do mundo” feita por 77 executivos da empreiteira Odebrecht, é cada dia mais real em Brasília. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar no Supremo Tribunal Federal os primeiros pedidos de abertura de inquérito de políticos envolvidos no caso. Pelo menos 30 pedidos que miram ministros, deputados e senadores estão […]
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2017 às 06h35.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h30.
A famosa “delação do fim do mundo” feita por 77 executivos da empreiteira Odebrecht, é cada dia mais real em Brasília. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar no Supremo Tribunal Federal os primeiros pedidos de abertura de inquérito de políticos envolvidos no caso. Pelo menos 30 pedidos que miram ministros, deputados e senadores estão prontos para serem levados à corte. Também podem ser alvos dos pedidos ministros do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro e Vital do Rêgo.
Os pedidos de inquérito devem afetar os dois principais ministros ligados ao presidente: Eliseu Padilha, que vai alongar a licença médica da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência. Também será afetada a bancada do PMDB no senado, a começar pelo presidente da casa, Eunício Oliveira, além do ex-presidente Renan Calheiros, de Edison Lobão e Romero Jucá. Do PSDB, estarão na lista os senadores Aécio Neves e José Serra.
A PGR ainda estuda se pede um inquérito contra o presidente Michel Temer, que só pode ser investigado por atos cometidos em mandato. Temer era vice-presidente quando fez o pedido de 10 milhões de reais para campanhas em 2014 e existe a dúvida jurídica se o vice pode ser considerado em “mandato presidencial”.
Os procuradores da turma de Janot também organizam o restante dos inquéritos a serem apresentados em outros tribunais, como o Superior Tribunal de Justiça, responsável pelo julgamento de governadores. Foram citados pelo menos três: Fernando Pimentel (PT), de Minas Gerais, Luiz Fernando Pezão (PMDB), do Rio de Janeiro e Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo. Além disso, existem políticos que foram citados, mas não têm foro no Supremo ou no STJ. Foram pelo menos 130, ao todo.
Os processos contra esses políticos ou ex-políticos hoje sem foro devem fazer a Lava-Jato se espalhar por varas de todo o país. Hoje, se concentra em Brasília, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Dentre as investigações que devem ser desmembradas para instâncias inferiores, estão as que miram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-presidente Dilma Rousseff, os ex-ministros Guido Mantega e Antonio Palocci, além de governadores, ex-governadores e ex-parlamentares. Tensão dentro e fora do governo.