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Temer tenta minimizar efeitos de carta de Papa Francisco

Papa recusou convite de viagem ao Brasil e cobrou governo

Michel Temer: o deputado Arthur Maia disse que "ao ler a carta, Temer ficou feliz e viu que a mensagem do Papa coincide com o que ele tem feito no governo" (Nacho Doce/Reuters)

Michel Temer: o deputado Arthur Maia disse que "ao ler a carta, Temer ficou feliz e viu que a mensagem do Papa coincide com o que ele tem feito no governo" (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2017 às 16h57.

O presidente Michel Temer e aliados do peemedebista tentaram minimizar hoje (19) os efeitos da carta que o papa Francisco enviou a Brasília negando um convite de visitar o Brasil e pedindo que o governo dê mais atenção "aos pobres".

Fontes do Palácio do Planalto negaram que a recusa de Jorge Mario Bergoglio ao convite de Temer seja um sinal de desaprovação ao governo brasileiro e garantiram que já tinham sido informados de que o Papa não viria ao país em outubro para as celebrações dos 300 anos da aparição da padroeira Nossa Senhora Aparecida.

"[Na carta], o Papa confirmou o que já tinha sido dito pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil", comentaram funcionários do governo.

Aliados de Temer também fizeram questão de afirmar que o presidente "ficou feliz" com a carta de Francisco e que seu governo "tem tomado medidas" de proteção à população carente.

"Ao ler a carta, Temer ficou feliz e viu que a mensagem do Papa coincide com o que ele tem feito no governo", disse o deputado Arthur Maia após um encontro com o presidente.

"Como latino-americano, o Papa reconhece a gravidade da crise e acreditamos que a reforma da previdência representa a síntese que responde a todas as questões apresentadas na carta", defendeu o parlamentar aliado, apesar das críticas de sindicatos e trabalhadores de que as mudanças dificultam a aposentadoria.

A carta do líder católico repercutiu no Brasil, assim como sua decisão de recusar o convite de viajar ao país. Nesta quarta-feira (19), o prefeito de São Paulo, João Doria, assistiu à audiência geral de Francisco no Vaticano e reforçou o convite, tentando convencer o Papa a mudar de ideia.

"Ofereci a camisa da seleção brasileira assinada por todos os jogadores ao Santo Padre e disse que gostaria de pedir, em nome do povo brasileiro, que ele revisasse sua decisão de não ir ao Brasil em outubro", contou Doria à imprensa após o encontro.

"Ele respondeu que sabia da importância do evento, mas que era difícil. Eu rebati que difícil não é impossível, pois são 130 milhões de católicos no Brasil que vão saudá-lo", disse o prefeito de São Paulo.

"O Papa respondeu sorrindo: vamos ver, mas o Brasil terá sempre minhas bênçãos".

(Instagram João Doria/Reprodução) (Instagram/João Doria/Reprodução)

Apesar do clima cordial do breve encontro entre Doria e Francisco, o prefeito confessou discordar da decisão do líder católico de não participar das celebrações em outubro.

"Não quero fazer juízo, nem me cabe, porém acho que não houve uma orientação adequada ao Santo Padre de não estar presente em uma data tão importante como essa. Mas quem sou eu para julgar o Papa?", confessou o tucano.

O Brasil, maior país católico do mundo, recebeu uma visita de Francisco em 2013, quando esteve no Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

No ano passado, o Papa chegou a enviar uma carta à então presidente Dilma Rousseff demonstrando "preocupação" com a crise política e com o processo de impeachment.

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