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Temer tenta acalmar temores sobre carne após operação da PF

Presidente convocou reuniões às pressas na tentativa de proteger um dos principais setores da economia do país

 (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de março de 2017 às 08h43.

Última atualização em 20 de março de 2017 às 15h34.

Brasil - O presidente Michel Temer se reuniu no domingo com ministros, executivos e diplomatas estrangeiros para acalmar as preocupações com a qualidade da carne brasileira, após a revelação de um escândalo de fraude em fiscalizações em um setor responsável por 12 bilhões de dólares em exportações por ano.

As reuniões convocadas às pressas, após a deflagração na sexta-feira da operação Carne Fraca da Polícia Federal, representaram uma tentativa do presidente de proteger um dos principais setores da economia do país, que enfrenta dois anos de recessão.

O escândalo de fraude em inspeções derrubou as ações das gigantes do setor JBS e BRF, depois que ambas foram alvo da operação da PF ao lado de dezenas de outras empresas menores do setor.

Em discurso a diplomatas da Europa, Estados Unidos, China e outros países, Temer disse que o governo brasileiro "reitera sua confiança na qualidade do produto nacional, que tem conquistado o consumidor e obtido aprovação dos mercados mais exigentes do ponto de vista de fiscalização e defesa agropecuária".

Temer, que inclusive levou alguns diplomatas a uma churrascaria de Brasília após a reunião, disse que as ações foram isoladas.

O presidente tentou minimizar temores sobre falhas sistêmicas no setor, e disse que investigadores irão acelerar os inquéritos.

Ele ressaltou que as ações de sexta-feira afetaram apenas 21 dos mais de 4.800 frigoríficos em operação. Apenas 33 de mais de 11.000 inspetores, acrescentou, estão sendo investigados.

"O objeto de apuração não é o sistema de defesa agropecuária, cujo rigor é reconhecido, mas alguns poucos desvios de conduta", afirmou o presidente em nota oficial após o encontro, acrescentando que o governo reiterou às missões estrangeiras que "todas as plantas exportadoras permanecem abertas às inspeções dos países importadores e ao acompanhamento das atividades do sistema nacional de controle".

Apesar de a Polícia Federal ter afirmado que foi vendida carne estragada e adulterada, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Luis Eduardo Rangel, afirmou: "Não há risco sanitário".

Apesar da ofensiva do governo em defesa da carne brasileira, alguns clientes permaneceram preocupados.

"Você não pode brincar com comida", disse André Regli, embaixador da Suíça no Brasil, acrescentando que os problemas são "preocupantes".

No sábado, autoridades da União Europeia disseram que enviaram duas cartas ao governo brasileiro pedindo detalhes sobre qualquer risco sistêmico às importações. O governo chinês pediu informações similares. O governo disse que responderia ainda no domingo.

Reguladores dos Estados Unidos, que recentemente começaram a importar carne do Brasil, disseram na sexta-feira que estavam monitorando a situação, mas que inspeções em terminais de importação nos EUA devem prevenir quaisquer riscos à saúde.

Em uma tentativa de reduzir os danos, JBS e BRF lançaram no fim de semana campanhas de relações públicas para deixar claro que não venderam carne estragada.

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