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Temer quer acelerar transferência de venezuelanos para outros Estados

Presidente tomou a decisão após conflitos em Roraima, que ocorreram neste sábado (18)

Michel Temer: ´presidente também estabeleceu um abrigo de transição em Roraima para atendimento humanitário (Adriano Machado/Reuters)
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Reuters

Publicado em 19 de agosto de 2018 às 17h41.

PACARAIMA - O presidente Michel Temer determinou neste domingo a intensificação dos esforços de interiorização de venezuelanos para outros Estados brasileiros, além do reforço da Força Nacional em Roraima com mais 120 homens, após uma onda de violência iniciada na véspera, depois que o dono de um estabelecimento local foi esfaqueado e espancado.

Temer se reuniu com ministros e assessores neste domingo para avaliar a situação de Roraima e determinou ainda outras medidas como o estabelecimento de abrigo de transição no Estado para atendimento humanitário dos migrantes e a realização, segunda-feira, de reunião para concluir as negociações para o início das obras do 'linhão' que permitirá a integração do Estado de Roraima ao sistema elétrico nacional.

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"O Governo Federal está comprometido com a proteção da integridade de brasileiros e venezuelanos", diz a nota do Planalto.

Neste domingo, um número menor de imigrantes venezuelanos assustados se enfileirava para entrar no Brasil, no único cruzamento entre os dois países, um dia depois de violentos protestos de brasileiros que levaram centenas de pessoas de volta à fronteira.

O exército brasileiro, que reforça a segurança no posto fronteiriço de Pacaraima, disse que 1.200 venezuelanos, incluindo mulheres e crianças, fugiram para a Venezuela no sábado, quando os moradores entraram em fúria depois do esfaqueamento e espancamento de um dono de um estabelecimento local, supostamente por quatro venezuelanos.

No entanto, a polícia não quis comentar o episódio e ainda não havia encontrado os suspeitos no domingo.

Os manifestantes furiosos destruíram tendas usadas pelos venezuelanos para acampar na rua perto da estação de ônibus e incendiaram os pertences que os imigrantes deixavam para trás.

"Os brasileiros vieram correndo com paus e garrafas. Eles queimaram todas as nossas coisas, até as roupas das crianças", disse Joana Perez, uma mãe de 24 anos que tem um bebê de 6 meses. "Estou com medo. Não sei onde dormir esta noite ou se haverá outro ataque. Perdemos tudo. Tudo o que tenho é o meu cartão de identificação."

Dezenas de milhares de venezuelanos invadiram a fronteira do estado de Roraima nos últimos anos, fugindo da turbulência econômica e política em seu país. O fluxo sobrecarregou os serviços sociais do Estado e provocou um aumento no crime, prostituição e doenças e causou incidentes de xenofobia, disseram autoridades do governo brasileiro.

"Aproximadamente 1.200 venezuelanos voltaram ao país ontem. O fluxo recomeçou hoje, mas evidentemente há menos pessoas chegando", disse à Reuters o coronel Hilel Zanatta, comandante da operação do Exército no posto de fronteira.

Um fotógrafo da Reuters que cruzou a fronteira com a Venezuela na manhã de domingo para a cidade fronteiriça de Santa Helena de Uairen disse que as ruas estavam cheias de milhares de pessoas que queriam deixar o país, mas com medo de uma recepção hostil no Brasil.

O governo da Venezuela disse que os ataques contra seus cidadãos foram alimentados pela xenofobia e pediu ao Brasil que proteja os imigrantes e seus pertences.

O Estado fronteiriço brasileiro de Roraima repetiu um apelo para fechar a fronteira, que o governo federal se recusou a fazer por razões humanitárias.

(Reportagem adicional Anthony Boadle e Maria Carolina Marcello, em Brasília)

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