MICHEL TEMER: jornalistas perguntaram ao presidente interino se ele estava nervoso ou inseguro com relação ao processo de impeachment / José Cruz/Agência Brasil
Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2016 às 01h18.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h04.
Se as expectativas se confirmarem, Michel Temer deve fazer hoje, às 15h, seu primeiro discurso como novo presidente da República. Deve pedir união nacional e pacificação dos ânimos para governar. Para seus planos serem bem-sucedidos, ele precisará descascar uma série de abacaxis já no início do mandato.
O grande desafio está em equilibrar uma demanda por cargos dos aliados enquanto sinaliza ao povo que está cortando na própria carne – e mudando a forma de fazer política. Temer, antes de mais nada, luta para cair no gosto popular. O instituto Datafolha mostrou que apenas 1% da população votaria nele e 58% o rejeitam. Uma pesquisa exclusiva do instituto Ideia Inteligência com 10.000 pessoas mostra que 65% dos entrevistados acham que o Brasil não melhorará nem piorará sob a égide de Temer. Ao mesmo tempo, 20% acreditam que ficará pior e 15%, melhor. Na economia, o levantamento mostrou que 52% acham que a mudança de governo será indiferente na economia, enquanto 36% acreditam que melhorará e 12%, que piorará.
É a representação do “mais do mesmo” incutido no pensamento popular. “Do ponto de vista de opinião pública, Temer terá grande dificuldade, porque a população acha que ele e Dilma são a mesma coisa. Por outro lado, na economia, pior item de avaliação da gestão Dilma, existe certo otimismo”, diz Maurício Moura, presidente do Ideia Inteligência.
Na economia, as prioridades são: limitar um teto para os gastos públicos, realizar a reforma da Previdência e racionalizar o sistema tributário — e reduzir os déficits do governo. Em paralelo, Temer precisará garantir que não cortará benefícios nem acabará com programas sociais já estabelecidos. A classe C, principal ponto de apoio dos primeiros anos dos governos do PT, tem sido a maior prejudica com o aumento do desemprego e a inflação na casa dos 10%.
Conseguir equilibrar as demandas de seus aliados, dos investidores e da população é um desafio e tanto. Temer foi hábil para conseguir chegar onde está. Agora, é hora de mostrar serviço. O Brasil precisa.