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Temer enquadra siglas "infiéis" para aprovar reformas

Governo quer agora que os partidos mais divididos fechem questão para conseguir aprovar a reforma da Previdência

Michel Temer: PMDB deve ser o primeiro partido a dar exemplo de "fidelidade" nas votações (Nacho Doce/Reuters)

Michel Temer: PMDB deve ser o primeiro partido a dar exemplo de "fidelidade" nas votações (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de abril de 2017 às 09h02.

Última atualização em 20 de abril de 2017 às 10h05.

Brasília - Diante de sinais de rebelião no Congresso, a cúpula do governo endureceu o tom e decidiu cobrar dos ministros que enquadrem as bancadas aliadas, sob pena de ficarem insustentáveis nos cargos.

O Palácio do Planalto quer agora que os partidos mais divididos fechem questão para conseguir aprovar a reforma da Previdência. Os parlamentares que desrespeitarem a ordem correm risco de punição.

O PMDB deve ser o primeiro a dar o exemplo. Depois de mostrar infidelidade em votações consideradas mais leves, como a da terceirização e a do requerimento de urgência, anteontem, para a reforma trabalhista, o partido do presidente Michel Temer sofre cada vez mais pressão do Planalto.

"Fechar questão é um instrumento legítimo para o partido marcar posição", afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), presidente do PMDB. Interlocutores de Temer observam que, com a estratégia, os parlamentares poderão dizer aos eleitores que foram obrigados a seguir diretriz do partido para aprovar as mudanças na aposentadoria.

Em fevereiro, Jucá protagonizou confronto público com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, para quem a tendência do partido era liberar a bancada na votação da reforma da Previdência. "Não temos tradição leninista", disse Moreira, na ocasião.

De lá para cá, porém, o governo sofreu derrotas na Câmara e as delações da Lava Jato contribuíram para aumentar a crise. É tanto o esforço do Planalto para mostrar força e transmitir a mensagem de que a Lava Jato não parou o governo que Temer já planeja recorrer a ministros-deputados para a aprovação da reforma da Previdência.

Dos 28 ministros, 12 são deputados licenciados que podem voltar ao posto, se necessário, para ajudar Temer na Câmara. Os ministros também foram orientados a intensificar o contato com os parlamentares e a procurar individualmente os integrantes de suas bancadas.

A ideia é que eles apresentem ao governo um mapeamento de como votará cada deputado. "Os ministros vão ter de trabalhar suas bancadas. Senão, vão ter de deixar os cargos", avisou o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS).

Recado

Na lista dos "traidores contumazes" estão PSB, PRB e PPS, embora o próprio PMDB e o PSDB também tenham se mostrado infieis. Nesta semana, os ministros Leonardo Picciani (Esporte) e Max Beltrão (Turismo), ambos deputados licenciados, participaram da reunião da bancada do PMDB. Ali o recado foi claro: quem votar contra a reforma terá de devolver os cargos.

O ministro da Cultura, Roberto Freire, também ameaçou sair se o PPS enfrentar o governo na reforma da Previdência. A advertência foi feita a parlamentares após as traições verificadas na votação da terceirização.

Considerado o aliado mais infiel, o PSB deve fechar questão, mas contra as reformas da Previdência e trabalhista. "Há uma avaliação de integrantes da bancada de que esse governo está tendo uma inflexão excessivamente liberal", disse o presidente do PSB, Carlos Siqueira.

O líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), também afirmou que o partido não obrigará ninguém a votar com o governo. Assegurou, porém, que o DEM é favorável à reforma da Previdência. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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