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Temer diz que ser citado em delação da Odebrecht é “desagradável”

Na primeira entrevista após Fachin autorizar a abertura de inquéritos da Operação Lava Jato, o presidente disse que é "constrangedor" ouvir depoimentos

 (Ueslei Marcelino/Reuters)

(Ueslei Marcelino/Reuters)

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Agência Brasil

Publicado em 16 de abril de 2017 às 10h02.

Última atualização em 16 de abril de 2017 às 17h44.

O presidente Michel Temer disse neste sábado (16) que "é constrangedor" ter sido citado no depoimento de Márcio Faria da Silva, ex-presidente da Odebrecht Industrial. O executivo, que assinou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito da Operação Lava Jato, disse ter tratado em uma reunião com Temer em 2010 sobre uma doação de R$ 40 milhões para a campanha eleitoral do PMDB.

Por meio de nota e de um vídeo publicado na sexta-feira nas redes sociais do governo, Temer disse que se reuniu com o executivo, mas negou ter tratado sobre valores com ele. "É uma coisa desagradável para quem está na vida pública há tanto tempo", disse o presidente em entrevista à TV Band, exibida na noite de sábado.

"É muito desagradável ouvir aquele depoimento. É constrangedor", completou, na primeira entrevista após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Lava Jato, ter autorizado a abertura de inquéritos para investigar o suposto envolvimento de políticos no esquema de pagamento de propina apurado pela operação.

Temer confirmou também que o encontro, realizado em São Paulo, foi organizado pelo então deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso há seis meses em Curitiba em decorrência da Lava Jato.

O presidente disse, no entanto, que tinha uma "relação institucional, não uma relação pessoal" com Cunha. À época, Temer era presidente do PMDB, enquanto Cunha era líder do partido na Câmara.

Ministros

Questionado sobre a possibilidade de afastar algum dos oito ministros de seu governo que passaram a ser alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), após terem sido citados por delatores da empreiteira Odebrecht como envolvidos em esquemas ilícitos, Temer respondeu que "pode acontecer que o próprio ministro se sinta desconfortável e queira sair".

O presidente voltou a afirmar que somente afastará ministros por iniciativa própria se a PGR apresentar denúncia contra algum integrante de seu gabinete. "Temporariamente, se houver a denúncia. Definitivamente, se a denúncia for aceita. É uma linha de corte compatível com nosso sistema jurídico", afirmou.

Ao ser perguntado por que seria tão difícil afastar ministros neste momento, Temer respondeu que o principal apoio a seu governo vem do Congresso Nacional. "Temos que compreender essa indignação [da população] e construir gestos e formas para superar essa indignação", disse.

Impeachment

A respeito do impeachment da então presidenta Dilma Rousseff, Temer disse que se o PT tivesse votado contra o processo de cassação do mandato de Cunha no Conselho de Ética da Câmara, "é muito provável que a presidente ficasse [no poder]".

Reformas

Na entrevista, Temer reconheceu ter enviado um "projeto pesado" sobre a reforma da Previdência ao Congresso, mas acrescentou que a flexibilização de pontos do texto faz parte do processo democrático. O presidente afirmou que, após as reformas da Previdência e trabalhista, sua prioridade será a reforma política, que ele considera "inadiável".

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