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Temer diz que "não aceita mais" ser suspeito de corrupção

Em discurso no Fórum Mundial de Davos, Temer não fez referência ao julgamento do ex-presidente Lula no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região

Michel Temer: "os meus detratores estão na cadeia e quem não está na cadeia está desmoralizado. Foram desmascarados pelos fatos" (Denis Balibouse/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 10h07.

Davos - O presidente Michel Temer disse na quarta-feira, 24, em Davos, onde participa do Fórum Econômico Mundial, que "não aceita mais" ser alvo de dúvidas sobre suspeitas de corrupção em seu governo.

"Os meus detratores estão na cadeia e quem não está na cadeia está desmoralizado. Foram desmascarados pelos fatos", declarou o presidente.

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No discurso no Fórum Mundial, Temer não fez referência ao julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4).

Ele, porém, comemorou o resultado positivo do mercado, registrado durante o dia, como um sinal de "confiança" nas instituições nacionais.

Na interpretação dele, o discurso diante dos empresários em Davos, garantindo a continuidade da política econômica, teria neutralizado uma eventual turbulência por causa do julgamento do petista.

"Acabei de receber uma boa notícia", disse Temer, referindo-se ao movimento de alta na Bolsa. "De modo que o discurso intercedeu com a repercussão, pelo que estou vendo. E foi muito exitosa nossa vinda para cá", declarou o presidente.

Questionamento

Após o discurso no fórum, porém, Temer foi alvo de um questionamento por parte do fundador do evento, Klaus Schwab, sobre como a corrupção poderia ter um impacto nas eleições de outubro no País.

Temer minimizou a questão. "Acho que será um tema natural, já que há um combate pesado contra a corrupção no País", respondeu.

O presidente enfatizou que as instituições estão funcionando com "toda tranquilidade" e que há uma "separação absoluta" dos Poderes. "Isso dá segurança jurídica para o investimento no País", disse.

Justiça

Horas mais tarde, quando voltou a ser questionado por jornalistas sobre a pergunta de Schwab, Temer reagiu com irritação. "Eu tive a oportunidade de dizer, assim como eu fiz no Brasil, que agora eu não vou mais tolerar essas coisas", afirmou.

Ele voltou a evitar comentários sobre o julgamento de Lula, mesmo depois de o resultado estar dois votos a favor da condenação.

"Vamos aguardar a decisão final", afirmou. "É uma decisão que cabe à Justiça e, em particular, ao Tribunal Regional Federal", argumentou.

O presidente foi informado do resultado do julgamento, que manteve a condenação de Lula por 3 a 0, com aumento de pena, quando já estava no jantar oferecido pelo fórum.

Temer havia orientado os ministros a não comentar publicamente a ampliação da pena de Lula. O objetivo seria despolitizar a decisão e evitar que os aliados de Lula usem as eventuais falas dos integrantes do governo como sinal de que não há independência no Judiciário.

No jantar oficial, no hotel Derby, porém, a condenação de Lula por unanimidade foi comemorada como uma final de jogo de futebol.

À mesa do jantar, a comitiva brasileira acompanhava e Temer e seus principais ministros, como Henrique Meirelles (Fazenda) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), eram informados a cada voto. Com celular na mão, alguns anunciavam, quase aos gritos, "três a zero, três a zero".

O jantar foi bastante concorrido, com as presenças de Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Pedro Parente (Petrobrás), Candido Bracher (Itaú), entre outros.

Na hora em que o desembargador Victor Laus proferiu o voto, encerrando o julgamento, foi um sem parar de toques de celular.

Já em Zurique, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que a decisão "não contaminará" a economia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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