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Temer considera gravar suas reuniões públicas

Presidente pensa em solicitar ao Gabinete de Segurança Institucional que grave todas as audiências públicas em que esteja presente

Michel Temer: medida é resposta à atitude do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, que afirmou à Polícia Federal ter gravado conversas com o presidente (Christopher Goodney/Bloomberg/Bloomberg)

Michel Temer: medida é resposta à atitude do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, que afirmou à Polícia Federal ter gravado conversas com o presidente (Christopher Goodney/Bloomberg/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de novembro de 2016 às 16h57.

Brasília e São Paulo - O presidente Michel Temer considera solicitar ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que passe a gravar todas as audiências públicas em que ele esteja presente - e disponibilizar os áudios para acesso público. Ele anunciou a possível medida em coletiva de imprensa na tarde deste domingo, 27, junto aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Renan Calheiros.

Esta é a solução pensada por Temer em resposta à atitude do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, que afirmou à Polícia Federal (PF) ter gravado conversas com o próprio presidente, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima - que também pediu demissão esta semana.

Em depoimento à polícia, Calero afirmou que Geddel e Temer o pressionaram em nome de interesses particulares, pedindo para que o Instituto Nacional do Patrimônio Histórico (Iphan), vinculado à pasta da Cultura, liberasse o embargo da obra de um prédio, em Salvador, onde Geddel possui um imóvel.

"Aproveitando essa gravação clandestina, talvez façamos desse limão uma limonada institucional", disse Temer. Ele ainda criticou Calero, afirmando que gravar o presidente da República é "desarrazoável, quase indigno". "Eu jamais teria coragem."

Ao ser indagado se demorou muito para decidir pela saída do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, Temer afirmou: "Não acho que a saída de Geddel demorou, talvez se tivesse saído antes poderia ser melhor". Disse não ter dúvidas de que "a demora não foi útil, mas não causa prejuízos de monta", em sua avaliação.

Temer saiu em defesa de Eliseu Padilha. "O que Padilha fez foi o que eu disse, que é a recomendação da AGU", afirmou. "Não há necessidade de falar de demissão de Padilha", afirmou.

A coletiva de imprensa foi convocada para anunciar um acordo entre Executivo e Legislativo contra a anistia ao caixa dois em campanhas eleitorais. A iniciativa visa dar uma mensagem de compromisso com o combate à corrupção num momento em que o próprio presidente da República enfrenta questionamentos éticos.

Temer afirmou que procura para o lugar de Geddel alguém "com lisura absoluta de conduta e com boa interlocução no Congresso" para assumir a articulação política do governo.

Já sobre Calero, contou que, quando ele o procurou para falar sobre a pressão de Geddel, foi aconselhado a "fazer o que achasse melhor" e o informou que a Advocacia-Geral da União (AGU) poderia mediar este conflito. Ao receber a carta de demissão de Calero, afirma ter lhe dito que "não havia razão" para a sua saída e pedido que ele não se incomodasse".

Temer nega ter agido em nome de interesses particulares e afirma que só soube do apartamento de Geddel quando a polêmica veio à tona, na quinta-feira. "Arbitrei um conflito de natureza administrativa entre o Iphan da Bahia e o Iphan nacional", disse.

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