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Tartarugas atingidas pelo óleo podem levar meses para voltar para casa

Nas redes sociais, pessoas têm compartilhado vídeos que mostram os animais cobertos de óleo. Neles, a população tenta arrancar a sujeira do corpo dos bichos

Tartarugas: os animais são atingidos de forma intensa (Projeto Cetáceos da Costa Branca - UERN/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de outubro de 2019 às 08h41.

Natal — Animais atingidos pelo óleo e resgatados por voluntários e especialistas podem levar seis meses para ser descontaminados do poluente. E há o risco de não conseguirem voltar ao hábitat natural. O último levantamento do Ibama , de domingo, indicava que 39 animais foram afetados pela contaminação da costa brasileira — 19 tartarugas morreram e 11 foram resgatadas.

O professor Flávio José de Lima Silva, que coordena o Projeto Cetáceos da Costa Branca da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), responsável pelo resgate dos animais atingidos pelo óleo cru no Estado, descreve o caso como uma "catástrofe ambiental". "É uma perda significativa, pois são animais em processo de extinção."

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Segundo ele, os animais são atingidos de forma intensa. "As tartarugas, quando sobem saindo da água para respirar, se deparam com uma mancha de óleo e acabam contaminadas em poucos instantes, o que pode levar à morte até imediata."

Nas redes sociais, pessoas têm compartilhado vídeos que mostram os animais cobertos de óleo. Na maioria deles, a população tenta arrancar a sujeira do corpo dos bichos.

https://twitter.com/svbnx/status/1185984940439154688

Apesar das tentativas humanas, o processo de recuperação dos animais é complexo e envolve até medicamentos. Por causa da complexidade, o especialista alerta que voluntários não devem devolver imediatamente ao mar os animais atingidos pelo óleo. "A gente oferece barreiras, que são protetores gástricos, renais e hepáticos, porque o animal pode estar se contaminando pela mucosa, pela corrente sanguínea."

Após 24 horas desse procedimento, é iniciada a descontaminação. O excesso de óleo é retirado das mucosas e partes moles do corpo. Os animais são lavados com água, detergente neutro e outros produtos. Em seguida, são colocados em um tanque com água salgada para que sejam assistidos por veterinários e biólogos. "Serão analisados processos de natação, alimentação e excreção. Se ele está eliminando óleo pelas fezes ou não. Quando o animal para de eliminar óleo pelas fezes, é um sinal de que a substância já não está mais no trato gastrointestinal."

Ao longo de 30 anos de docência e pesquisa, Silva diz que jamais presenciou um problema tão preocupante. "Nunca vi nada igual. As cenas são as mais chocantes que já vi na vida."

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