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Passe livre de ônibus custaria R$ 5,5 bilhões para São Paulo

Hoje, prefeitura gasta R$ 1,25 bilhão do orçamento com subsídio da passagem; valor real da tarifa seria de R$ 4,13

Aumento das passagens de R$ 3 para R$ 3,20 motivou onda de protestos na cidade (Grmisiti/Flickr)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2013 às 17h01.

São Paulo – Cinco bilhões e meio de reais: este seria o gasto anual da prefeitura para implantar a tarifa zero nos ônibus de São Paulo,uma das reinvindicações do Movimento Passe Livre , que tem realizado protestos para reduzir ou zerar o preço das passagens de ônibus na cidade.

Este ano, de acordo com dados da prefeitura, o município deve gastar R$ 1,25 bilhão para financiar o preço da tarifa atual de R$ 3,20. Sem o subsídio de 93 centavos, o usuário do sistema de ônibus da cidade pagaria R$ 4,13, segundo informações da prefeitura.

Para determinar o valor, governo e empresas somam os custos para pôr os ônibus na rua ao lucro previsto pela iniciativa privada. O resultado desta soma é dividido pelo número aproximado de usuários. Quando o valor fica muito alto, a prefeitura entra com uma parte do dinheiro para diminuir o preço das passagens (o chamado subsídio).

Para que a tarifa voltasse a custar R$ 3, o munícipio teria que desembolsar aproximadamente R$ 1,5 bilhão do orçamento.

Tarifa zero

Creso Peixoto, especialista em transportes e professor de engenharia civil na FEI (Fundação Educacional Inaciana), afirma que a adoção da passagem gratuita implicaria em multas por descumprimento de contrato para a prefeitura e reorganização do orçamento do município.

"Se a catraca fica livre, alguém tem que pagar a conta", disse Peixoto. E caso isso aconteça, o principal prejudicado será o contribuinte – que terá de pagar mais impostos para tapar o rombo.

O especialista acredita que outras cidades podem inspirar São Paulo a resolver seu problema de transporte público. "Em Londres, a passagem unitária custa 4 libras (cerca de R$ 13,50)", afirma ele. Entretanto, o bilhete vale não por uma viagem, mas por um determinado período de tempo – o que barateia a circulação. Paris tem um sistema parecido, no qual a tarifa é cobrada do usuário apenas uma vez ao dia.

"Modelos de transporte que cobram mais de quem usa menos podem cobrar menos de quem usa mais", resume o especialista.

Outras soluções

Outra solução para a cidade é o investimento nas várias modalidades de transporte de massa. Segundo Peixoto, cada quilômetro de metrô instalado custa cerca de 100 milhões de dólares. Já no caso do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos ou, simplesmente, bonde), o valor cai para 50 milhões de dólares. Corredores expressos de ônibus ainda são a alternativa mais barata, custando 15 milhões de dólares por quilômetro instalado.


Eles podem ajudar a diminuir o tráfego pesado, que também encarece o preço final da passagem. De acordo com Marcos Cintra, professor de economia e vice-presidente da FGV (Fundação Getúlio Vargas), trata-se de um "ciclo vicioso": trânsito lento exige mais ônibus nas ruas, o que termina por deixar o tráfego ainda mais lento.

Para acelerar São Paulo, Cintra defende que parte do tráfego das grandes artérias da cidade seja desviada para vias hoje subutilizadas. Além disso, ele é a favor de uma dura fiscalização contra o estacionamento irregular, que atrapalha a circulação na cidade. Caso contrário, o pior  pode acontecer.

"Do jeito que a coisa tá indo, há qualquer momento São Paulo pode entrar em colapso", adverte o especialista. Se nada for feito, ele acredita que megaengarrafamentos e tarifas caras no transporte público serão problemas cada vez mais comuns.

De acordo com a SP Trans, circulam hoje por São Paulo cerca de 1.300 linhas de ônibus, que juntas somam mais de 15 mil veículos. Em 1994, o valor da tarifa era R$ 0,50. De lá pra cá, ele cresceu 540%.
Desde às 17h desta quinta-feira, manifestantes do Movimento Passe Livre fazem novo protesto em frente ao Theatro Municipal contra o reajuste das passagens, realizado no último dia 2. O governador Alckmin diz que não vai ceder às pressões.
Ao todo, o trânsito engarrafado na cidade de São Paulo custa hoje 40 bilhões de reais, considerados combustíveis, horas paradas ociosas e poluição.

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São Paulo – Cinco bilhões e meio de reais: este seria o gasto anual da prefeitura para implantar a tarifa zero nos ônibus de São Paulo,uma das reinvindicações do Movimento Passe Livre , que tem realizado protestos para reduzir ou zerar o preço das passagens de ônibus na cidade.

Este ano, de acordo com dados da prefeitura, o município deve gastar R$ 1,25 bilhão para financiar o preço da tarifa atual de R$ 3,20. Sem o subsídio de 93 centavos, o usuário do sistema de ônibus da cidade pagaria R$ 4,13, segundo informações da prefeitura.

Para determinar o valor, governo e empresas somam os custos para pôr os ônibus na rua ao lucro previsto pela iniciativa privada. O resultado desta soma é dividido pelo número aproximado de usuários. Quando o valor fica muito alto, a prefeitura entra com uma parte do dinheiro para diminuir o preço das passagens (o chamado subsídio).

Para que a tarifa voltasse a custar R$ 3, o munícipio teria que desembolsar aproximadamente R$ 1,5 bilhão do orçamento.

Tarifa zero

Creso Peixoto, especialista em transportes e professor de engenharia civil na FEI (Fundação Educacional Inaciana), afirma que a adoção da passagem gratuita implicaria em multas por descumprimento de contrato para a prefeitura e reorganização do orçamento do município.

"Se a catraca fica livre, alguém tem que pagar a conta", disse Peixoto. E caso isso aconteça, o principal prejudicado será o contribuinte – que terá de pagar mais impostos para tapar o rombo.

O especialista acredita que outras cidades podem inspirar São Paulo a resolver seu problema de transporte público. "Em Londres, a passagem unitária custa 4 libras (cerca de R$ 13,50)", afirma ele. Entretanto, o bilhete vale não por uma viagem, mas por um determinado período de tempo – o que barateia a circulação. Paris tem um sistema parecido, no qual a tarifa é cobrada do usuário apenas uma vez ao dia.

"Modelos de transporte que cobram mais de quem usa menos podem cobrar menos de quem usa mais", resume o especialista.

Outras soluções

Outra solução para a cidade é o investimento nas várias modalidades de transporte de massa. Segundo Peixoto, cada quilômetro de metrô instalado custa cerca de 100 milhões de dólares. Já no caso do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos ou, simplesmente, bonde), o valor cai para 50 milhões de dólares. Corredores expressos de ônibus ainda são a alternativa mais barata, custando 15 milhões de dólares por quilômetro instalado.


Eles podem ajudar a diminuir o tráfego pesado, que também encarece o preço final da passagem. De acordo com Marcos Cintra, professor de economia e vice-presidente da FGV (Fundação Getúlio Vargas), trata-se de um "ciclo vicioso": trânsito lento exige mais ônibus nas ruas, o que termina por deixar o tráfego ainda mais lento.

Para acelerar São Paulo, Cintra defende que parte do tráfego das grandes artérias da cidade seja desviada para vias hoje subutilizadas. Além disso, ele é a favor de uma dura fiscalização contra o estacionamento irregular, que atrapalha a circulação na cidade. Caso contrário, o pior  pode acontecer.

"Do jeito que a coisa tá indo, há qualquer momento São Paulo pode entrar em colapso", adverte o especialista. Se nada for feito, ele acredita que megaengarrafamentos e tarifas caras no transporte público serão problemas cada vez mais comuns.

De acordo com a SP Trans, circulam hoje por São Paulo cerca de 1.300 linhas de ônibus, que juntas somam mais de 15 mil veículos. Em 1994, o valor da tarifa era R$ 0,50. De lá pra cá, ele cresceu 540%.
Desde às 17h desta quinta-feira, manifestantes do Movimento Passe Livre fazem novo protesto em frente ao Theatro Municipal contra o reajuste das passagens, realizado no último dia 2. O governador Alckmin diz que não vai ceder às pressões.
Ao todo, o trânsito engarrafado na cidade de São Paulo custa hoje 40 bilhões de reais, considerados combustíveis, horas paradas ociosas e poluição.
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