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Surto de gripe faz SP correr atrás de remédios e profissionais de saúde

A Prefeitura vai contratar mais 280 profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, e comprar R$ 150 milhões em medicamentos, como tamiflu e dipirona

UTI em São Paulo (foto de arquivo): a demanda por leitos, segundo o município, continua sob controle (Bloomberg/Getty Images)

UTI em São Paulo (foto de arquivo): a demanda por leitos, segundo o município, continua sob controle (Bloomberg/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de dezembro de 2021 às 09h52.

Com o rápido avanço do surto de gripe, a cidade de São Paulo tem visto crescer a pressão sobre os postos de saúde, além da falta de remédios para tratar a doença. Para lidar com esse cenário, a Prefeitura vai contratar mais 280 profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, e comprar R$ 150 milhões em medicamentos, como tamiflu e dipirona. Já a demanda por leitos, diz o Município, continua sob controle.

"As unidades de atendimento estão sobrecarregadas. Há sobrecarga até porque não estamos suspendendo outros tipos de atendimentos. Por isso, estamos contratando mais médicos, mais enfermeiros, fazendo de tudo para atender essa demanda da gripe", disse o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, ao jornal O Estado de S. Paulo.

O reforço no estoque de remédios, afirmou, ainda está sendo distribuído pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

Segundo Aparecido, os hospitais públicos da capital registraram 54 internações por síndrome gripal de sábado até a terça-feira. Metade disso, explica, está em leitos clínicos e a outra parcela em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI).

Segundo nota do Observatório Covid-19 nesta segunda-feira, 20, as hospitalizações de pacientes com sintomas respiratórios na Grande São Paulo voltaram a crescer em dezembro. Na última semana, o total de internações na região aumentou 51%.

Conforme Aparecido, a variante Ômicron do coronavírus ainda não desencadeou alta de casos de covid-19 em São Paulo - há 17 casos confirmados com a cepa, mais contagiosa. A piora, portanto, se deve à variante da gripe (H3N2). "Percebe-se claramente que a vacina não está tendo efeito", diz. "Ainda que não sejam (observados) só casos da variante da H3N2, ela está ficando prevalente."

Não foi registrada morte por gripe na capital. "O drama é que temos uma nova variante (do coronavírus) circulando junto à onda de gripe que atinge fortemente a cidade. Temos de lidar com as duas coisas", acrescentou Aparecido. "A gente até está passando sufoco, fica lotado, mas é o que a gente quer, que as pessoas vão aos postos", disse. "A maior parte tem sintomas possíveis de fazer acompanhamento. Em cinco, seis dias as pessoas estão melhores."

O secretário diz ainda que não há sobrecarga de leitos pelo surto de gripe. Mas explica que já são tomadas medidas de precaução. O Hospital Municipal da Brasilândia, na zona norte, passou a ser destinado, desde o fim de semana, para pacientes de síndromes gripais.

Aparecido disse que não planeja antecipar a vacinação contra a gripe na cidade, que costuma começar por volta de abril. Segundo ele, essa antecipação teria de vir do Ministério da Saúde, assim como a definição de que está havendo ou não epidemia de gripe no Brasil.

Grande parte dos especialistas, porém, afirma que o cenário já pode ser considerado epidêmico. Por causa do ataque hacker sofrido pelo governo federal há algumas semanas, o abastecimento de dados sobre casos de síndrome gripal tem ficado comprometido.

Rede privada

Nos hospitais particulares, o cenário se repete. É possível ver aumento da procura no pronto atendimento, mas não nas UTIs. É o cenário, por exemplo, na unidade Bela Vista do Hospital Sírio-Libanês, a principal do complexo, conta Felipe Duarte, gerente de Pacientes Internados e Práticas Médicas. "O volume de atendimento no pronto atendimento cresceu consideravelmente nos últimos dias. Duplicamos o total de atendimento de pacientes com síndromes gripais."

O Hospital Alemão Oswaldo Cruz vive o mesmo desafio. "Em dezembro, percebemos aumento significativo de procura por nosso pronto atendimento de pessoas com sintomas respiratórios. Dobrou se compararmos com novembro", explica o diretor executivo médico Antonio da Silva Bastos Neto.

Nos dois hospitais, a maioria dos diagnósticos não é de covid, mas de influenza (gripe). "A proporção de positivos para influenza A neste grupo de pacientes é de 50%. De covid, é de 15%", diz.

Em nota, o Hospital Nove de Julho relatou alta de 60% de pacientes com suspeita de síndrome gripal, ante a média da semana passada. Já sobre a covid, diz que não houve aumento expressivo e os números "continuam baixos".

O pronto atendimento do Hospital Nipo-Brasileiro, em Guarulhos, para síndrome respiratória, tem lotado. Em novembro, foram 150 atendimentos em 24 horas. Na segunda-feira, o número saltou para 518. A maioria dos pacientes apresenta teste negativo de covid.

"Houve um aumento de 100% nos atendimentos no pronto atendimento adulto para síndromes respiratórias, Por isso, tivemos de atuar em todas as frentes", conta Rodrigo Borsari, superintendente técnico do Hospital Nipo-Brasileiro.

A alta de casos já muda a rotina dos hospitais. O Oswaldo Cruz incluiu a testagem rápida para influenza A, B e H1N1 na lista de exames do seu drive thru, na Bela Vista. O teste começou a ser feito na terça-feira.

O Nipo-Brasileiro abriu salas de espera, aumentou de quatro para seis os guichês de recepção e elevou o número de funcionários: 25% mais médicos e 50% mais funcionários na triagem.

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