Brasil

Suplicy: “Prisão? Quem se importa? Evitei um conflito”

Após sair da prisão, ex-senador disse que não se arrepende de ter protestado contra reintegração de posse e garantiu que faria tudo de novo

O ex-senador Eduardo Suplicy (PT) (Paulo Pinto/Fotos Públicas)

O ex-senador Eduardo Suplicy (PT) (Paulo Pinto/Fotos Públicas)

Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro

Publicado em 25 de julho de 2016 às 18h17.

São Paulo – Engana-se quem pensa que o ex-senador e candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) ficou arrependido de ter protestado contra uma reintegração de posse em São Paulo, o que o levou a ficar detido por mais de três horas nesta segunda-feira (25).

Por telefone, o ex-secretário de Direitos Humanos de São Paulo afirmou a EXAME.com que faria tudo de novo se isso evitasse conflitos mais graves entre moradores e policiais militares. “Prisão? Quem se importa? Evitei um conflito que poderia ter consequências muito mais sérias”.

Antes do protesto, Suplicy falou com o prefeito Fernando Haddad (PT-SP). Durante a ligação, tentou convencê-lo a suspender a reintegração de posse do terreno na Cidade Educandário, na região da Rodovia Raposo Tavares.

De acordo com o ex-senador, Haddad chegou a ensaiar um recuo. A área ocupada era considerada de alto risco, apontaram laudos de engenheiros. O diagnóstico determinou que Haddad continuasse apoiando a reintegração.

“Se Haddad não apoiasse a reintegração, poderia ser acionado por improbidade administrativa”, explicou Suplicy.

O petista destacou que não pensou duas vezes quando viu moradores e policiais se aproximando entre si. Para ele, só havia uma alternativa para evitar um conflito mais grave.

“Decidi me deitar para evitar que houvesse qualquer ato de violência contra os moradores. O oficial de justiça e o comandante da PM pediram que eu me levantasse. Disse que não sairia e desafiei: ‘Se vocês acharem por bem, podem até me carregar. Se quiserem, me levem’. Foi aí que me levaram para a viatura”, afirmou o ex-senador petista.

Evitando criticar de maneira incisiva o trabalho dos policiais militares, Suplicy afirmou que ligará imediatamente para o secretário de Habitação, João Sette Whitaker. Para ele, é preciso falar com Whitaker sobre a “necessidade de se propor alternativas de moradia para essas pessoas”.

Ligeiramente emocionado, o ex-senador afirmou “que se tornou mais humano e mais consciente” após ter passado pela secretaria de Direitos Humanos da capital paulista.

Sobre as análises jornalísticas de que sua candidatura ganhou força após a prisão, Suplicy minimiza. “Quando eu decidi deitar-me ali, foi uma intuição para prevenir um conflito de consequências graves. Não foi um ato político. O que eu quero é ajudar o prefeito e a cidade de São Paulo em várias questões críticas”.

De acordo com o delegado Gilberto de Castro Ferreira, Suplicy assinou um termo circunstanciado — que é um tipo de boletim de ocorrência para crimes sem potencial ofensivo — e responderá por desobediência.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasFernando HaddadHabitação no BrasilMetrópoles globaisPolícia MilitarPolítica no BrasilPolíticos brasileirosPrefeitossao-paulo

Mais de Brasil

Lula, 'BolsoNunes' e 'paz e amor': convenção dá tom de como será a campanha de Boulos em SP

Sob gestão Lula, assassinatos contra indígenas no Brasil aumentam 15% em 2023, aponta relatório

PRTB marca data de convenção para anunciar candidatura de Marçal no mesmo dia do evento de Nunes

Moraes defende entraves para recursos a tribunais superiores e uso de IA para resolver conflitos

Mais na Exame