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SPTrans leva calote de R$ 3,4 milhões de empresa contratada

Falta de repasse de valores pela empresa que controla a venda de créditos do bilhete único é a causa da pane que tem impedido passageiros do Metrô de recarregar cartões


	Metrô de São Paulo: uma das empresas que faziam a recarca do Bilhete Único ficou 15 dias sem repassar à SPTrans o dinheiro da venda de créditos
 (Wikimedia Commons)

Metrô de São Paulo: uma das empresas que faziam a recarca do Bilhete Único ficou 15 dias sem repassar à SPTrans o dinheiro da venda de créditos (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2012 às 08h49.

São Paulo - Um calote de R$ 3,4 milhões sofrido pela São Paulo Transporte (SPTrans), empresa da Prefeitura que controla a venda de créditos do bilhete único, é a causa da pane que tem impedido passageiros de 17 estações do Metrô de recarregar os cartões.

Uma das empresas que faziam o serviço ficou 15 dias sem repassar à SPTrans o dinheiro da venda de créditos. Descredenciada nesta semana, não pode mais operar.

Há 15 dias, passageiros dessas estações não têm conseguido recarregar o bilhete único porque as máquinas estão sempre "sem sistema". A solução tem sido recorrer a bilhetes de papel do Metrô - que não têm integração com ônibus - ou buscar créditos em outras estações, casas lotéricas e bancas de jornais.

O Metrô informou, na segunda-feira (26), que a pane era resultado de pendência financeira entre a empresa Serviços Digitais, acusada do calote, e a Prefeitura, mas só ontem o tamanho exato da dívida e a natureza do problema foram confirmados pela SPTrans.

A Serviços Digitais foi procurada pela reportagem na tarde de quinta-feira (29). Uma de suas advogadas chegou a atender a um dos telefonemas e disse que ligaria no fim do dia para explicar o caso, após falar com os responsáveis, mas não retornou. O telefone da empresa não atendia no fim da noite.

Pelo contrato, as empresas que vendem os créditos têm de repassar o dinheiro a uma conta-sistema da SPTrans em até 48 horas. Mas a Serviços Digitais - que vendia uma média diária de R$ 2 milhões em créditos - vinha sistematicamente descumprindo esse prazo nos últimos tempos, de acordo com a Prefeitura. Tanto que foi multada 31 vezes em seis meses e - ainda segundo a Prefeitura - não pagou duas das penalidades impostas. No total, a dívida é de R$ 3,4 milhões.


Para que o prejuízo não fique com os cofres públicos, a Prefeitura agora tenta reaver o dinheiro acionando o banco fiador da Serviços Digitais, cujo nome não foi divulgado.

Na Justiça

As duas empresas também brigam na Justiça. Uma ação da 4.ª Vara Cível, aberta pela Serviços Digitais no começo do mês, tentou garantir a operação da empresa. Decisão do dia 12 permitiu, no entanto, que a SPTrans desligasse o sistema da Serviços Digitais, caso os débitos com a Prefeitura não fossem quitados. Foi quando começaram os transtornos dos passageiros.

Pontos itinerantes

A São Paulo Transporte (SPTrans) acionou na tarde de quinta-feira (29) uma operação de emergência em parte das estações afetadas pela crise da falta de crédito do bilhete único. Pontos de venda itinerantes foram montados para atender os passageiros e comercializar os créditos. O serviço será estendido a todas as 17 estações afetadas a partir da próxima segunda-feira (03/12).

As estações que já têm os postos móveis são Santana, Tucuruvi, Vila Mariana e Santa Cruz, da Linha 1-Azul, e Artur Alvim, da Linha 3-Vermelha. Nessas paradas, funcionários de outra empresa que vende créditos, a Rede Ponto Certo, estarão em pontos estratégicos, como a entrada das estações, com coletes com a inscrição "recarregue aqui". Eles terão na mão máquinas para receber pagamentos com cartões de débito, mas também vão aceitar dinheiro. Esses agentes também vão fazer a recarga do vale-transporte, feita em máquinas de autoatendimento. O atendimento será feito durante todo o horário de funcionamento das estações (das 4h40 à meia-noite).


Em nota, a SPTrans pede que os usuários procurem lugares fora das estações para comprar créditos enquanto a crise durar: "Informamos também que, nos arredores das estações do Metrô, existem também bancas de jornais, bares, restaurantes e casas lotéricas onde a recarga do bilhete único pode ser feita sem problemas. São mais de 10 mil postos credenciados em toda a cidade, além dos 28 terminais de ônibus onde as recargas dos bilhetes podem ser feitas 24 horas por dia", diz o texto.

A venda itinerante será temporária, segundo disse a SPTrans em nota. A empresa, porém, não deu prazo para o fim da ação. Na quinta-feira (29), o Metrô abriu duas licitações para contratar empresas interessadas em explorar o serviço no lugar da Serviços Digitais. Os editais foram publicados no Diário Oficial Empresarial.

Contratos

Os contratos com a SPTrans e o Metrô são separados: se uma empresa quiser vender créditos do bilhete único, ela precisa ter um contrato com a SPTrans, que a habilita a entrar na chamada conta-sistema.

Já para fazer a recarga dos cartões dentro das estações do Metrô, é preciso outro contrato, assinado com o Metrô, que fez licitação para esse serviço no ano passado - foram quatro empresas vencedoras, divididas entre as 58 estações da rede e oferecem serviços diferentes, como cabines de atendimento para recarga e máquinas de autoatendimento, que aceitam pagamento com cartões de débito. Esse modelo foi adotado em agosto do ano passado, após problemas no sistema de recarga oferecido nas estações. 

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