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SP terá 11 novos hospitais de campanha em meio à lotação recorde de UTIs. "Não há o que comemorar", diz Gorinchteyn

Em resposta a críticas que vem sofrendo por fase vermelha desde o fim de semana, o governador João Doria disse estar sendo alvo de "milícias digitais" e criticou o presidente Jair Bolsonaro

Gorinchteyn e Doria: estado de SP está na fase vermelha, a mais restritiva, desde o último fim de semana (Governo de São Paulo/Reprodução)

Gorinchteyn e Doria: estado de SP está na fase vermelha, a mais restritiva, desde o último fim de semana (Governo de São Paulo/Reprodução)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 8 de março de 2021 às 14h01.

Última atualização em 8 de março de 2021 às 19h11.

O governo de São Paulo irá inaugurar leitos para covid-19 em 11 novos hospitais, segundo divulgou o governador João Doria (PSDB) em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 8.

Embora os novos leitos tenham sido chamados de "hospitais de campanha" pelo governo, as unidades não serão construídas do zero: os leitos passarão a integrar hospitais já existentes e centros ambulatoriais (os AME). Serão 280 novos leitos, 140 de UTI e 140 de enfermaria. A implementação acontece até 31 de março, segundo o governo paulista.

Os hospitais que receberão os leitos ficam localizados na capital São Paulo e nas cidades de Santo André, Campinas, Ourinhos, Tupã, Itapetininga, Fernandópolis, Santos, Barretos, Botucatu e Andradina.

As vagas se somam aos 500 novos leitos anunciados pelo estado na semana passada e também com previsão de entrega para o fim de março. O secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, disse que novos leitos podem ainda ser anunciados nos próximos dias.

Os anúncios foram feitos em meio ao crescimento descontrolado do número de casos e óbitos por covid-19 em todo o estado e no restante do Brasil. A ocupação de leitos de UTI em São Paulo chegou a 80%, após ter estado em 66% há duas semanas.

A marca de 80% foi atingida no estado pela primeira vez neste fim de semana. Na capital paulista, a taxa é de 81,2%, ante 68,8% há duas semanas.

"Não há o que comemorar", disse Gorinchteyn, que lamentou a morte de mulheres e mães na pandemia em meio ao Dia Internacional da Mulher neste 8 de março. Todo o estado está na chamada "fase vermelha" do Plano São Paulo, a mais restritiva, desde o último fim de semana.

O governo paulista também anunciou hoje que começará a vacinação de idosos de 75 e 76 anos a partir da próxima segunda-feira, 15 de março.

Novas vacinas

O Instituto Butantan está entregando nesta segunda-feira um novo lote de 1,7 milhão de doses da Coronavac ao Ministério da Saúde, segundo anunciou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Ao todo, são 16,1 milhões de doses da Coronavac já entregues ao SUS até agora.

Questionado, Doria também também comentou sobre a compra de vacinas da Pfizer pelo governo federal. O Ministério da Economia anunciou nesta segunda-feira a compra de 14 milhões de vacinas da farmacêutica americana, após ter recusado a compra de 70 milhões de doses no ano passado por termos do contrato.

O acordo do governo federal com a Pfizer prevê dois milhões de doses entregues em maio e sete milhões em junho. "Poderiam ter comprado em outubro, quando a Pfizer fez a oferta", rebateu Doria.

São Paulo sabidamente tentou comprar vacinas da Pfizer em outras oportunidades, mas a farmacêutica tentava negociar com o governo federal e, segundo a revista Piauí, ouviu que teria problemas em Brasília caso negociasse com São Paulo.

O governo paulista não confirmou como estão as tratativas com a Pfizer no momento. "O governo do estado de São Paulo faz tratativas com várias empresas, mas nós temos um termo de confidencialidade. [...] Mas essa tratativa está ocorrendo, porque o objetivo é vacinar mais e mais", disse Gorinchteyn.

Doria disse também que São Paulo tem tentado comprar mais vacinas de outros fornecedores. Quando completar as 100 milhões de doses da Coronavac entregues ao Ministério da Saúde, o estado planeja comprar diretamente mais 20 milhões de doses do Butantan para a vacinação somente da população paulista.

O Butantan entregará as 100 milhões de doses vendidas ao Ministério da Saúde antes do fim de agosto, um mês antes do previsto, no fim de setembro.

O governo de São Paulo diz que o objetivo é vacinar todos os paulistas até o fim do ano.

Para as demais vacinas além da Coronavac, Doria disse que uma das formas é a negociação com a brasileira União Química para a compra da Sputnik V, em consórcio com governadores. No consórcio com os outros estados, São Paulo solicitou 20 milhões de doses, mas Doria disse não saber se a União Química será capaz de atender ao pedido. A coordenação está sendo feita pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT).

Também nesta segunda-feira, Dias e outros governadores se reúnem com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pedindo medidas nacionais de combate ao coronavírus. Ao menos seis estados brasileiros têm fila de espera em UTIs.

"Milícias digitais"

Doria usou o anúncio sobre o novo lote da Coronavac para se defender de críticas que tem recebido pelas restrições da quarentena em São Paulo. "De dez vacinas aplicadas no Brasil, nove são do Butantan", disse, dizendo que há "forças negacionistas" que trabalham contra a vacina e contra o combate à pandemia. "Sem o esforço do governo de São Paulo, hoje teríamos 1% das vacinas disponíveis no Brasil", disse.

O governo foi alvo de um protesto neste fim de semana por parte um grupo que se deslocou até sua casa na capital paulista. "São pessoas que negam uma realidade. [...] Negam que temos uma pandemia, que a pandemia leva vidas, que a pandemia deveria ser combatida com medidas restritivas, uso de máscara, distanciamento social, isolamento em alguns casos", disse.

"O ponto de partida disso é o gabinete do ódio em Brasília, que emana medidas e orientações a um exército digital", disse Doria. Citando nominalmente o presidente Jair Bolsonaro, afirmou que "todos que se posicionam contrariamente ao messias, ao mito Jair Bolsonaro, são objetos dessas milícias digitais".

Questionado sobre a fase vermelha, que é criticada por parte dos comerciantes em São Paulo, o secretário Jean Gorinchteyn defendeu as medidas como forma de evitar a disseminação da nova cepa do coronavírus, a P1, encontrada em Manaus e que já circula em cidades paulistas.

"As vacinas ainda estão sendo aplicadas em grupos ainda pequenos [...] O ideal é que as pessoas mantenham todos os cuidados e essas restrições são as garantias que nós da saúde possamos continuar dando assistência adequada", disse o secretário.

O Brasil vacinou até agora pouco menos de 4% da população. O país tem usado tanto a Coronavac quanto doses importadas da vacina de AstraZeneca/Oxford. Como a Fundação Oswaldo Cruz ainda não iniciou a produção própria desta última, as 4 milhões de doses da AstraZeneca disponíveis até agora foram compradas já prontas, o que tem atrasado o avanço da vacinação, somado à falta de outras opções de vacinas.

Também nesta segunda-feira, a Fiocruz anunciou que começa nesta semana a produção de vacinas em sua fábrica no Rio de Janeiro com insumo importado.


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