Exame Logo

Sócio de Lula diz que foi procurado por "várias" empresas

Paulo Okamotto confirmou que recebeu "vários" interlocutores de empreiteiras

Paulo Okamotto: "fica chato eu ficar dizendo todas as empresas que me procuraram", desconversou (Elza Fiúza/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2015 às 08h28.

Brasília - Sócio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva numa consultoria e presidente do instituto que leva o nome do petista, Paulo Okamotto confirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que recebeu "vários" interlocutores de empreiteiras.

Questionado sobre se teria recebido o executivo João Santana, da UTC, para tratar da Operação Lava Jato , Okamoto confirmou: "Eu o recebi. Ele queria explicar as dificuldades que as empresas estavam enfrentando, se alguém estava pensando o que fazer. Eu disse: 'Você tem que procurar alguém do governo'."

A reportagem quis saber sobre que tipo de ajuda ele queria. Okamoto diz que toda empresa que fica exposta a acusações tem dificuldades de ser atendida.

"Ele estava sentindo que as portas estavam fechadas no governo, nos bancos". Okamoto não tem cargo no governo e diz ter sido procurado porque "as pessoas acham que a gente tem informação", fala.

O senhor recebeu a OAS?, quer saber a reportagem. "Esse negócio das empreiteiras está todo mundo procurando para ver como é que faz. Fica chato eu ficar dizendo todas as empresas que me procuraram", desconversa.

A Odebrecht procurou o Lula?, insiste a reportagem. "Eu não participei dessa conversa da Odebrecht com o presidente Lula. Ninguém pode ignorar que um caso como esse não tenha sido comentado. Infelizmente, todo mundo só fala nisso.", afirma.

Questionado sobre se o assunto não seria relevante, Okamoto diz que muita coisa que está aparecendo não tem muito a ver com a política, embora se queira dar esse caráter.

"No caso da Lava Jato, tem a ver com as mazelas do País. Para vencer as dificuldades que a gente tem muitas vezes nas empresas, como questões burocráticas, as pessoas usam de expedientes mais condenáveis."

Mas o PT recebeu dinheiro do esquema, retruca a reportagem... "Tanto o (Renato) Duque, quanto o (Paulo Roberto) Costa eram de carreira da Petrobras, indicação técnica, pela meritocracia. O Pedro Barusco era gerente. As pessoas não foram galgadas ao posto com o compromisso de roubar. Até poderiam oferecer pra eles cargo nessas condições, mas eles poderiam dizer: ‘Nessas condições eu não topo. Eu tenho 30 anos de Petrobras, não vou roubar para virar diretor’.", responde Okamoto.

Vaccari

Em relação à acusação de que João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, teria pedido propina para o partido, Okamoto diz que as empresas estão ganhando dinheiro. Que ninguém precisa corromper ninguém.

"Funciona assim: 'Você está ganhando dinheiro? Estou. Você pode dar um pouquinho do seu lucro para o PT? Posso, não posso.' É o que espero que ele tenha feito."

Ele diz que foi uma surpresa saber que essas empresas davam um tanto de dinheiro pra tantos caras. Por que tem que dar esse tanto de dinheiro? Não tem outro esquema, não tem outra estrutura?, diz ao ser lembrado pelo jornal O Estado de S. Paulo de que o desvio na Petrobras chegou a bilhões.

Sobre se o Brasil muda com a Lava Jato, Okamoto diz que quando a pessoa critica duramente a corrupção, a obriga a ser mais ética.

"No Brasil, infelizmente, é assim. Todo mundo corrompe um pouquinho. Nego atravessa pelo acostamento; nego fala ao telefone celular; dá um dinheirinho ali para o guarda. A gente tem uma cultura de comprar facilidade, que é ruim. Se não, que País vamos deixar para os nossos netos?"

Mas quando perguntado sobre se o presidente Lula estaria muito preocupado com a Lava Jato, Okamoto dá a entrevista por encerrada: "Eu falei que iria responder a uma pergunta, já respondi 20. Chega. Passar bem." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

São Paulo - Nove empreiteiras foram alvo da Polícia Federal nesta sexta-feira. A sétima fase da Operação Lava Jato , que investigadesvio de 10 bilhões de reais da Petrobras , fez busca e apreensão nas empresas. Alguns executivos foram presos, para prestar depoimento sobre possível ligação com o esquema de corrupção . Veja nas fotos quais empresas estão sendo investigadas e o que dizem sobre a operação.
  • 2. Odebrecht

    2 /10(Paulo Fridman/Bloomberg)

  • Veja também

    A empresa divulgou nota em que afirma que a Polícia Federal esteve em seu escritório no Rio de Janeiro nesta sexta-feira, para cumprir mandado de busca e apreensão de documentos, expedido no âmbito das investigações sobre supostos crimes cometidos por ex-diretor da Petrobras.“A equipe foi recebida na empresa e obteve todo o auxílio para acessar qualquer documento ou informação buscada”, diz a nota da empresa.A Odebrecht afirma ainda que “está inteiramente à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos sempre que necessário”.
  • 3. UTC Engenharia

    3 /10(Divulgação)

  • A empresa afirmou que “colabora desde o início das investigações e continuará à disposição das autoridades para prestar as informações necessárias”.
  • 4. OAS

    4 /10(Divulgação/PAC)

    A OAS afirmou que “foram prestados todos os esclarecimentos solicitados e dado acesso às informações e documentos requeridos pela Polícia Federal, em visita à sua sede em São Paulo”. A empresa diz ainda que “está à inteira disposição das autoridades e vai continuar colaborando no que for necessário para as investigações”.
  • 5. Engevix

    5 /10(Divulgação/ Engevix)

    Contatada por EXAME.com, a empresa afirmou apenas que “por meio dos seus advogados e executivos, prestará todos os esclarecimentos que forem solicitados”.
  • 6. Galvão Engenharia

    6 /10(Divulgação/ Galvão Engenharia)

    Em nota, a Galvão Engenharia afirmou que "tem colaborado com todas as investigações referentes à Operação Lava Jato e está permanentemente à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários".
  • 7. Queiroz Galvão

    7 /10(Divulgação)

    A empresa se manifestou através de nota:"A Queiroz Galvão reitera que todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação em vigor e está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários."
  • 8. Camargo Corrêa

    8 /10(Divulgação)

    Em nota, a Camargo Corrêa disse que sempre esteve à disposição das autoridades. Veja a nota:“A Construtora Camargo Corrêa repudia as ações coercitivas, pois a empresa e seus executivos desde o início se colocaram à disposição das autoridades e vêm colaborando com os esclarecimentos dos fatos.”
  • 9. Mendes Junior

    9 /10(Divulgação)

    "O vice-presidente da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, estava em viagem com a família na manhã desta sexta-feira (14/11). Assim que soube do mandado de prisão, tomou providências para se apresentar ainda hoje à Polícia Federal em Curitiba (PR). A Mendes Júnior está colaborando com as investigações, contribuindo para o acesso às informações solicitadas."
  • 10. Iesa

    10 /10(Divulgação IESA)

    EXAME.com não conseguiu contato com nenhum porta-voz da empresa até a publicação da reportagem.
  • Acompanhe tudo sobre:ConstrutorasLuiz Inácio Lula da SilvaOperação Lava JatoPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Brasil

    Mais na Exame