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Só ricos vão se eleger, diz deputado sobre reforma política

"Votei de novo contra o financiamento de pessoa jurídica a políticos e campanhas para acabar com essa situação nefasta", disse Júlio Delgado (PSB)


	O deputado Júlio Delgado (PSB): "Estamos com ausência de liderança no país. E há uma fragilidade de poderes."
 (José Cruz/ABr)

O deputado Júlio Delgado (PSB): "Estamos com ausência de liderança no país. E há uma fragilidade de poderes." (José Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2015 às 14h40.

Belo Horizonte - Citado na delação premiada de Ricardo Pessoa, o deputado federal Júlio Delgado (PSB) defendeu nesta sexta-feira, em Belo Horizonte, o fim do financiamento empresarial de campanha e comentou a reforma política aprovada recentemente pela Câmara.

"Votei de novo contra o financiamento de pessoa jurídica a políticos e campanhas para acabar com essa situação nefasta. A reforma política de ontem é para a acabar com a campanha eleitoral. Só vai ser eleito quem for muito rico, por exemplo, pastor que tem igreja ou policial que tem sua corporação para apoio ou até personalidades (artistas e jogadores de futebol). Quem é deputado que não é empresário ou mesmo tem causas aleatórias, serão cada vez mais escassos", declarou.

Ele confessou que está "quase desanimado", mas quando encontra um projeto ou causa real para defender, "se levanta de novo". "Estamos com ausência de liderança no país. E há uma fragilidade de poderes", falou.

Delgado falou ainda sobre as acusações de que recebeu dinheiro caixa 2 da empreiteira UTC. Em seminário sobre modernização das relações de trabalho promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham-BH), o político reafirmou que não recebeu o montante, que foi destinado à ao diretório mineiro de seu partido para a campanha eleitoral de candidatos na eleição passada.

"Eu não estou envolvido nessa história. No pinçamento para me jogar na vala comum, tentam me acusar. Nunca fui do governo, sempre fui de oposição. Como eu conseguiria serviço para alguém? O dinheiro não foi depositado na minha conta, foi na do partido. (...) Eu não seria louco de convocar alguém na CPI da Petrobras que poderia me acusar", desabafou, em participação no evento. Em delação premiada a investigadores da Operação Lava Jato, o presidente da UTC, Ricardo Pessoa teria entregado uma planilha à Procuradoria-Geral da República (PGR) com repasses de propina e caixa 2 que a UTC teria feito a campanhas e a políticos.

Segundo a revista Veja, Delgado seria citado no documento como destinatário de R$ 150 mil.

Delgado reiterou que permanecerá na CPI até a ida de Pessoa no colegiado, que inclusive vai inquiri-lo e que pedirá licença da CPI para se defender e cumprir o que exigiu de outros citados na Operação Lava Jato: a saída da comissão. Entretanto, confessou que, se o não-envolvimento dele for confirmado e ele se sentir confortável com todo o processo, ele pode voltar a continuar seu trabalho na comissão.

"Não posso ser incoerente com os meus colegas parlamentares que estavam citados os quais pedi para se desligarem da CPI. Mas se nada se confirmar, vou continuar sim. Com a minha consciência tranquila, a qual já tenho", afirmou.

Eleições 2016

Sobre as movimentações do PSB-MG para as eleições de 2016, Delgado disse que não há nada definido. "Há uma insatisfação de alguns setores de como a forma como se deu a mudança aqui do partido em MG, mas estamos vendo ainda como vai ser o processo das eleições", disse, em relação à saída dele da presidência do diretório estadual e a entrada do prefeito Marcio Lacerda (PSB).

Ele lembrou que há uma decisão da executiva nacional de que o partido tem que ter candidato próprio em municípios que mais de 100 mil eleitores, o que representa cerca de 40 cidades mineiras. "Não é porque das minhas querelas com o Marcio ou com qualquer que seja, vou deixar de atender o PSB-MG. Eu tenho um compromisso com o partido", ressaltou.

Questionado se há um interesse em se candidatar à prefeitura de Belo Horizonte, Delgado desconversou. "Eu me coloquei à disposição do partido nesse período todo, tenho esse compromisso. Se essa for a decisão do partido, estamos aí para cumprir missões partidárias", afirmou.

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