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Sistema de bonde no Rio recebe tombamento provisório

A portaria do instituto preserva o traçado da linha do bonde, um percurso de cerca de 7,5 quilômetros

O governo do Estado concluiu em fevereiro o estudo de recuperação da linha (Anna Hernandez/Viagem e Turismo)

O governo do Estado concluiu em fevereiro o estudo de recuperação da linha (Anna Hernandez/Viagem e Turismo)

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Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2012 às 19h17.

Rio de Janeiro - Símbolo bucólico de um bairro e cartão-postal do Rio de Janeiro, o bonde de Santa Teresa foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan). A portaria, publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial, determina ainda a preservação de um dos carros. A medida não impede, no entanto, a modernização da linha, que vem sendo tocada pelo governo do Estado, desde agosto do ano passado, quando grave acidente deixou seis mortos e suspendeu o tráfego de bondes.

"Estamos defendendo esse tipo de transporte, que é bem significativo para a cidade do Rio de Janeiro. É um dos únicos sistemas que perdurou no nosso País. Na verdade, o instituto quer preservar o sistema de transportes e não os elementos físicos, que a gente entende que precisam ser modernizados", afirma a superintendente do Iphan no Rio, Cristina Lodi. O tombamento é provisório e ainda precisa ser ratificado pelo Conselho Consultivo do Iphan, o que ainda não tem data para ocorrer.

A portaria do instituto preserva o traçado da linha do bonde, um percurso de cerca de 7,5 quilômetros que começa na estação do Largo da Carioca, atravessa os Arcos da Lapa (bem já tombado pelo Iphan), segue até o Largo dos Guimarães, onde se bifurca em direção ao Largo das Neves e em direção ao ponto denominado Dois Irmãos. E prolonga-se até o Silvestre. Protege ainda as estações de parada remanescentes, como a do Curvelo e a do Largo dos Guimarães.


O carro número 2 foi escolhido pelo Iphan para ser o símbolo dos bondinhos antigos, mas não quer dizer que esse bonde entrará em linha depois da modernização. O veículo pode ficar em um museu, por exemplo, mas a forma como ele será preservado ainda não foi definida.

"É claro que tem todo um diálogo com órgãos de patrimônio para que a gente tenha um sistema e não se distancie dos valores históricos, das próprias linguagens do bonde. Mas a gente não pode parar no tempo, ou permitir que se repita o que ocorreu - desastres e um sistema que já estava obsoleto, inoperante", afirma Cristina Lodi.

O governo do Estado concluiu em fevereiro o estudo de recuperação da linha. Previsto para custar R$ 110 milhões, o projeto prevê 14 bondes, trilhos novos, trajeto 30% maior - chegará a 10,5 km de extensão - e possibilidade da interligação com o Trenzinho do Corcovado.

A licitação foi suspensa judicialmente, a pedido da Associação de Moradores de Santa Teresa (Amast). Os moradores alegam que o novo projeto não respeita as características dos antigos bondes. A Secretaria de Transportes informa que, por segurança, foi preciso fechar as laterais do bonde, para evitar que as pessoas embarcassem e desembarcassem dos dois lados, o que colocava em risco a vida dos passageiros. A Procuradoria Geral do Estado está recorrendo da decisão.

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