Brasil

Shopping de São Paulo é acusado de discriminação racial

O caso aconteceu na noite de sexta, quando Nascimento, que é negro, e o garoto, moreno, foram comprar um tênis

Interior do Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo (SP) (foto/Divulgação)

Interior do Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo (SP) (foto/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de setembro de 2018 às 11h01.

São Paulo - O auxiliar administrativo Anderson Nascimento acusa um segurança do Shopping Pátio Higienópolis, na região central de São Paulo, de discriminação racial contra o seu filho, de 14 anos. O caso aconteceu na noite de sexta-feira, 21, quando Nascimento, que é negro, e o garoto, moreno, foram ao estabelecimento para comprar um tênis.

Nascimento afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que estacionou seu carro na Rua Doutor Veiga Filho por volta das 22h30 e, do lado de fora do shopping, perguntou a um vigilante como fazia para chegar à loja da Nike. Segundo o seu relato, o segurança ordenou que o menino tirasse as mãos do bolso da blusa.

"Eu questionei o segurança do porquê ele estava mandando meu filho tirar a mão do bolso. Ele respondeu: 'Eu estou armado e posso fazer isso'", afirmou o auxiliar administrativo.

Pai e filho se afastaram do vigilante, foram a um posto de combustível nas adjacências e retornaram ao shopping pela entrada da Avenida Higienópolis. Nascimento fez uma reclamação sobre o caso no site do centro de compras e preferiu não chamar a polícia.

Em seguida, o auxiliar administrativo procurou seguranças do shopping para informá-los de que ele e o menino passariam a noite dentro do estabelecimento - o lançamento do tênis estava previsto para ocorrer às 10 horas do sábado, 22.

"Fizemos isso para não ter mais problemas e não sermos confundidos com bandidos", afirmou Nascimento.

O shopping respondeu à reclamação do auxiliar administrativo e informou que solicitou a substituição do funcionário, que é de uma empresa terceirizada.

Nascimento afirmou que pediu, então, que o estabelecimento lhe enviasse um e-mail com as providências tomadas, o que lhe foi negado.

O shopping o ligou e o convidou para uma reunião na segunda-feira, 24. No encontro, o auxiliar administrativo insistiu que gostaria de saber o que o Pátio Higienópolis poderia fazer pela vítima.

"Não quero nada no shopping, não quero aproveitar da situação para obter dinheiro. O que eu quero é saber qual é a ação do shopping em relação à vítima", disse. "Meu medo maior era o segurança tirar a arma e dar um tiro."

O auxiliar administrativo registrou um boletim de ocorrência em uma delegacia da capital paulista.

Procurado pela reportagem na noite da sexta-feira, 28, o Shopping Pátio Higienópolis afirmou, em nota, que a empresa de segurança contratada imediatamente providenciou a substituição do colaborador.

"O empreendimento repudia veementemente qualquer tipo de discriminação e reforça que todos são bem-vindos no shopping", declarou o Pátio Higienópolis.

Acompanhe tudo sobre:Racismosao-paulo

Mais de Brasil

Quem é o pastor indígena que foi preso na fronteira com a Argentina

Oito pontos para entender a decisão de Dino que suspendeu R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão

Ministro dos Transportes vistoria local em que ponte desabou na divisa entre Tocantins e Maranhão

Agência do Banco do Brasil é alvo de assalto com reféns na grande SP