Brasil

Serra pode assumir Relações Exteriores, dizem fontes

Resistente a aceitar um ministério da área social, José Serra foi sondado para assumir o Ministério das elações Exteriores em um eventual governo Temer


	José Serra: o senador tucano mirava um cargo na equipe econômica
 (Paulo Whitaker/Reuters)

José Serra: o senador tucano mirava um cargo na equipe econômica (Paulo Whitaker/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2016 às 21h27.

Brasília - Resistente a aceitar um ministério da área social, o senador José Serra (PSDB-SP) foi sondado pela equipe do vice-presidente Michel Temer para assumir, em um provável governo Temer, o Ministério das Relações Exteriores, encorpado com a responsabilidade pelo comércio exterior, hoje nas mãos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, disseram à Reuters fontes próximas a Temer.

O senador tucano, que mirava um cargo na equipe econômica, ainda não respondeu à proposta feita pelo vice-presidente. Inicialmente, Temer pensava em manter o Itamaraty sob o comando de um diplomata, como fizeram os últimos três governos.

O último chanceler fora da carreira foi Fernando Henrique Cardoso, no governo de Itamar Franco. Os demais foram diplomatas da ativa ou aposentados.

O modelo de Itamaraty pensado pela equipe de Temer teria, no entanto, mais protagonismo, assumindo área de comércio exterior, hoje dividida entre as negociações feitas pelo lado diplomata da Esplanada e pelo lado político, no MDIC, que na nova configuração seria extinto. Daí a ideia de ter um político à frente da pasta.

A ideia, dada pelo senador Romero Jucá - que assumirá o Ministério do Planejamento em caso de afastamento da presidente Dilma Rousseff - é dividir as atribuições entre a sua pasta e o Itamaraty. A parte que cuida de política industrial, incluindo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ficaria sob as asas de Jucá, escalado para ser o homem que tentará reanimar a economia.

Outros nomes estavam sendo cotados para o Itamaraty. O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado – e que chegou a ser escalado por Temer para ir aos Estados Unidos tentar combater a narrativa de que o impeachment é uma espécie de golpe branco – seria o político cotado.

Depois, no entanto, com o crescimento da ideia de manter a pasta nas mãos de um diplomata, surgiram os nomes dos embaixadores aposentados Rubens Barbosa e Sérgio Amaral e do atual secretário-geral do Itamaraty, Sérgio Danese.

REAÇÕES

Dentro do Itamaraty, o nome de José Serra foi recebido com sentimentos mistos. Diplomatas consultados pela Reuters sob a condição de anonimato dizem que, por um lado, há o sentimento de que um político traria à diplomacia um protagonismo que as relações exteriores não têm desde o final do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Um embaixador sênior afirmou que o Itamaraty precisa hoje de um ministro “forte e ambicioso”, que pudesse trazer visibilidade e recursos para a diplomacia.

Outros relatam experiências difíceis com o senador no passado, mas reconhecem que ele poderia ajudar a fortalecer o Itamaraty. Internamente, havia uma torcida para que o atual chanceler, Mauro Vieira, ficasse no cargo, mesmo que se imaginasse que seria difícil – uma fonte próxima a Temer disse à Reuters que o vice-presidente não pretende manter nenhum dos ministros de Dilma Rousseff.

A torcida maior, no entanto, é pela manutenção de Sérgio Danese como secretário-geral.

Bem-quisto por seus pares e politicamente hábil, Danese é responsável hoje pela reorganização do Itamaraty, com cortes de custo, realocação de pessoal e reestruturação de várias áreas. Na visão de diplomatas, seria um gesto de um futuro chanceler – especialmente um político, como José Serra.

Acompanhe tudo sobre:ItamaratyJosé SerraMDB – Movimento Democrático BrasileiroMichel TemerMinistério das Relações ExterioresPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Brasil

Quero ser responsável pela vitória dele, diz Lula no lançamento da candidatura de Boulos em SP

Com esquerda em peso e até bolsonarista, PSD oficializa candidatura de Paes sem definir vice

Vamos colocar a periferia em primeiro lugar, diz Boulos ao oficializar candidatura ao lado de Lula

Fuad e Kassab apostam em discurso moderado e feitos da gestão para reeleição em prefeitura BH

Mais na Exame