Acompanhe:

Sérgio Cabral pode ter passado a perna nos irmãos Batista

Estado do Rio de Janeiro poderia tomar fábrica da BRF e e passá-la para a J&F, com os mesmos incentivos fiscais, em troca de propina usada em campanha

Modo escuro

Continua após a publicidade
Sérgio Cabral: Delator do grupo J&F relata como convenceu o então governador a "enfrentar" a BRF (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Sérgio Cabral: Delator do grupo J&F relata como convenceu o então governador a "enfrentar" a BRF (Antonio Cruz/Agência Brasil)

E
Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de junho de 2017 às, 12h52.

São Paulo - Ricardo Saud, diretor de relações institucionais do grupo J&F, relata na delação premiada a tomada da fábrica de lácteos da BRF em Piraí (RJ) quase com orgulho. Frases como "fomos muito rápidos", "nem nós acreditávamos" ou "ganhar uma fábrica era a melhor coisa" aparecem espalhadas pelo depoimento, no qual ele relata como convenceram o então governador Sérgio Cabral a "enfrentar" a BRF.

A manobra apresentada pela J&F seria possível porque a concorrente havia recebido um terreno e benefícios fiscais para erguer a fábrica. Como demorava para colocá-la em operação, porém, o Estado do Rio de Janeiro poderia tomá-la de volta. E passá-la para a J&F e sua controlada, a Vigor, com os mesmos incentivos fiscais. Em troca, o ex-governador e o PMDB receberiam R$ 27,5 milhões, usados na campanha que elegeu Luiz Fernando Pezão, em 2014.

Pois os artífices do golpe de mestre podem, na verdade, não ter sido tão espertos. Três pessoas que acompanham de perto as decisões estratégicas da BRF e pedem para não serem identificadas afirmaram que o grupo já havia decidido diminuir sua presença na área de lácteos e desistido da fábrica fluminense, e o governador sabia. Tanto que o valor investido na unidade foi lançado como perda e a BRF não brigou para reavê-la, colocando-a para funcionar ou indo à Justiça.

"O Sérgio Cabral sabia que a fábrica não entraria em operação e capitalizou em cima da J&F", diz uma pessoa da BRF que acompanhava as negociações. Outra dá risada: "O Saud fez um mau negócio: a fábrica poderia ter saído mais barata."

Nesse mesmo depoimento, é possível perceber claramente o comportamento que os economistas criticam no empresariado, de buscar acesso a privilégios, em vez da competição. Saud relata que, quando começaram a prospectar novos negócios com Cabral, "de cara pedimos incentivos para o leite".

O pleito não tinha qualquer ilegalidade. Mas, como o governador tinha interesse em se aproximar da empresa, autorizou que o Estado abrisse mão da receita obtida por meio de impostos. "A burocracia cria esse capitalismo de compadrio politicamente orientado", diz Celso Toledo, da consultoria LCA. "Nele, só dá certo os amigos de quem cria dificuldade para vender facilidades."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Últimas Notícias

Ver mais
Arezzo (ARZZ3), Soma (SOMA3), JBS (JBSS3): o que movimenta as empresas na bolsa hoje
seloMercados

Arezzo (ARZZ3), Soma (SOMA3), JBS (JBSS3): o que movimenta as empresas na bolsa hoje

Há 2 dias

Fusão Arezzo-Soma, JBS e a fraqueza do yen japonês: 3 assuntos que movem o mercado
seloMercados

Fusão Arezzo-Soma, JBS e a fraqueza do yen japonês: 3 assuntos que movem o mercado

Há 2 dias

Wesley e Joesley Batista voltam ao conselho da JBS
Exame IN

Wesley e Joesley Batista voltam ao conselho da JBS

Há 2 dias

JBS (JBSS3) fecha 4º tri com lucro de R$ 82,6 milhões
seloMercados

JBS (JBSS3) fecha 4º tri com lucro de R$ 82,6 milhões

Há 2 dias

Continua após a publicidade
icon

Branded contents

Ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

Leia mais