Senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP): socialista se disse "ameaçado" por aliados do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) (.)
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2013 às 20h39.
Brasília - Um discurso do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) nesta terça-feira evoluiu para um bate boca que tomou mais de duas horas da sessão do Senado. Se dizendo "ameaçado" por aliados do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), o socialista subiu à tribuna para, mais uma vez, se defender de acusações de recebimento de propina.
Segundo Randolfe, existe perseguição política por sua atuação na oposição. "Eu procurei as lideranças para buscar a urgência para podermos colocar esse projeto (ficha limpa para servidores do Senado) e, aí, recebi como aconselhamento - e acho até que pode ter sido na melhor das intenções - do senador Gim, que me disse: "Randolfe, há um procedimento aí no Conselho de Ética. É melhor você resolver logo."
Pouco antes, o microfone do senador teve o áudio suspenso por mais de um minuto, postura incomum na Casa. Em sessões não deliberativas, como era o caso, cada senador tem 20 minutos para discurso e, ultrapassado o limite de 20 minutos, tem o áudio interrompido, como um aviso do limite de tempo, o que não costuma durar mais que alguns segundos. Além disso, a transmissão da sessão na Rádio Senado também foi suspensa por alguns segundos.
Renan, contudo, negou que tenha havido alguma medida de "censura" a Randolfe. "Certamente, se houve um problema na transmissão da rádio, não foi para evitar que a população ouvisse seu discurso, senador Randolfe. O Senado nunca se caracterizou por censurar nenhum senador."
Acusações
Para os senadores da ala "independente" da Casa, o episódio com o senador Gim soou ameaçador. "Ninguém pode ser submetido ao uso e meios para tentar intimidar a atividade parlamentar", destacou o senador João Capiberibe (PSB-SP), também alvo das mesmas denúncias de recebimento de propina. As acusações contra eles foram enviadas por Renan à PGR no início do ano, e arquivadas por Gurgel.
Randolfe afirmou que os documentos que estimularam a denúncia são falsos o que, segundo ele, já teria sido comprovado por perícias oficiais solicitadas pelo Ministério Público do Estado do Amapá. O senador cobrou, ainda, do presidente do Conselho de Ética, João Alberto (PMDB-MA) um encaminhamento para a denúncia contra ele no Senado - encaminhado à Procuradoria Geral da República por Renan, o caso foi arquivado pelo procurador Roberto Gurgel.
Em resposta, Alberto mostrou documentos de uma perícia particular encomendada pelo denunciante que comprovam a veracidade dos documentos. Ele destaca já ter tomado as providências para levar o caso aos conselheiros, mas aguarda uma posição da Advocacia do Senado a respeito.