José Eduardo Cardozo: ministro admitiu que remeteu para a Polícia Federal o relatório em que ex-diretor da Siemens denuncia o cartel (Valter Campanato/ABr)
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2013 às 11h47.
Brasília - Os senadores da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) definiram nesta quarta-feira, 27, vão votar na semana que vem um requerimento de convite para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para esclarecer a participação dele no episódio que envolveu as investigações conduzidas pela Polícia Federal a respeito de denúncias de corrupção e formação de cartel no transporte de trens de São Paulo.
Ontem, o PSDB acusou Cardozo de ter motivações políticas para tentar abafar as prisões do mensalão e pediu a demissão do titular da Justiça.
Inicialmente, o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), tinha apresentado um requerimento de convocação do ministro. Pelo regimento, se fosse aprovado, Cardozo seria obrigado a comparecer em 30 dias.
O tucano disse que há "muita controvérsia" sobre quem repassou um relatório, feito por ex-executivo da Siemens e revelado pelo Estado, que informava a existência de um esquema de caixa 2 do PSDB e do DEM.
Após muita divergência, Cardozo admitiu que havia remetido o documento para a Polícia Federal. Segundo Aloysio Nunes Ferreira, teria havido acréscimos em versões do relatório que circularam com o objetivo de implicar políticos.
"Queria saber quem enxertou, se existem averiguações do Ministério da Justiça sobre quem enxertou", questionou o tucano, ao ressaltar que seria "conveniente" a vinda do ministro.
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), sugeriu a modificação do requerimento de convocação para convite do ministro. Ele argumentou que Cardozo já se mostrou disposto a comparecer ao parlamento para esclarecer sua participação no episódio. Os senadores concordaram com a mudança que, do ponto de vista regimental, não obriga o ministro a comparecer.
Braga disse que ontem Cardozo, em entrevista coletiva, fez um desmentido público de que não há autoridades com foro privilegiado sob investigação. O líder do PSDB foi um dos citados no relatório de que teria um "relacionamento estreito" com um dos envolvidos no esquema, o que ele nega.
Aloysio Nunes Ferreira concordou com a mudança. A comissão decidiu apreciar o requerimento na próxima semana, uma vez que, pelo entendimento do colegiado, qualquer matéria não pode ser lida e votada na mesma sessão. Aloysio apresentou o requerimento ontem, que foi lido hoje.