Semana nova, crise nova
Pouco conhecido até ontem, Fabiano Silveira era para ter sido um dos símbolos do governo do presidente interino Michel Temer. Uma das prioridades era mostrar que estava comprometido com a continuação da Lava-Jato e com o combate à corrupção. Para isso, a Controladoria-Geral da União passou a ser o ministério da Transparência, a cargo de Silveira. […]
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2016 às 06h20.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h41.
Pouco conhecido até ontem, Fabiano Silveira era para ter sido um dos símbolos do governo do presidente interino Michel Temer. Uma das prioridades era mostrar que estava comprometido com a continuação da Lava-Jato e com o combate à corrupção. Para isso, a Controladoria-Geral da União passou a ser o ministério da Transparência, a cargo de Silveira. O projeto foi por água abaixo em 19 dias.
Gravado criticando a Lava-Jato, Silveira pediu demissão ontem à noite, após Temer passar todo o dia insistindo em mantê-lo no cargo. Foi a terceira segunda-feira de Temer na presidência, a terceira com um escândalo para controlar, a segunda em que um ministro pede demissão.
Esse é mais um episódio de bate-cabeças que mostra a desorganização do governo. Para a opinião pública, teria sido melhor que o próprio presidente tivesse demitido o ministro. Temer, por sua vez, tinha que fazer também o jogo político, e poderia comprar uma briga ao demitir o indicado do presidente do Senado, Renan Calheiros. Esperava-se que o presidente fosse impopular pelas medidas na economia, mas isso está acontecendo bem antes de os ajustes chegarem ao bolso do contribuinte.
A dúvida que fica é o motivo de Temer, sabendo das complicações que viriam, ter escolhido uma equipe ministerial tão vulnerável. “O ambiente político de hoje é um chão totalmente minado. Não existe a chance de governar sem escândalos”, diz o cientista político Lucas Aragão, da consultoria Arko Advice. Para especialistas, a Lava-Jato não deixará o presidente dormir tranquilo tão cedo. Silveira foi o segundo a cair. Pode não ser o último.