Sem coligação, Marina libera alianças estaduais da Rede
Partido entende que a prioridade é garantir a sobrevivência da sigla elegendo um número suficiente de deputados federais
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de julho de 2018 às 09h28.
Última atualização em 25 de julho de 2018 às 09h29.
São Paulo - A pouco mais de uma semana da convenção nacional e ainda sem partidos em sua coligação, a Rede liberou os diretórios estaduais para tocarem suas próprias alianças, e já trabalha com a possibilidade de palanque duplo em alguns Estados. O partido entende que a prioridade, além de eleger Marina Silva presidente, é garantir a sobrevivência da sigla elegendo um número suficiente de deputados federais para ultrapassar a cláusula de barreira - um mínimo de nove em nove Estados.
Em ao menos sete diretórios as negociações passam por seis siglas - PT, PCdoB, Podemos, PRTB, PPL e PSC - que têm pré-candidatos próprios ao Planalto. Além deles, PPS e PSB, que apesar de ainda não terem anunciado apoio oficialmente, estão mais próximos de outros presidenciáveis. "Ainda que por ventura tenhamos discordância, o partido tem autonomia para tomar suas decisões (locais) levando em consideração a avaliação do próprio Estado", disse Marina na segunda-feira, 23, em entrevista coletiva.
O diretório da Rede em Santa Catarina, que pretende lançar o professor Rogério Portanova ao governo, também admite conversas com PPS, PPL, Podemos e PCdoB - dos presidenciáveis João Vicente Goulart, Alvaro Dias e Manuela d'Ávila, respectivamente. O próprio Portanova participou de um encontro suprapartidário com Dias há duas semanas e disse que "não tem problema nenhum em ter mais de um presidenciável".
"O ideal é priorizar a candidatura de Marina, mas eles sabem que se for melhor para a Rede no Estado, pode-se admitir (duplo palanque)", disse o porta-voz no Estado, Nelson Zunino.
No Espírito Santo, o porta-voz André Toscano traça cenários em que candidatos locais participem de eventos com Marina Silva e Manuela d'Ávila. "Pode acontecer que a gente consiga, por exemplo, acomodar o PCdoB com a candidatura a deputado estadual e senador. Não precisa ser governador. Aí a gente consegue acomodar a Manuela no palanque", afirmou. No Estado, a Rede conversa ainda com PV, PHS e PSC.
A dificuldade da Rede em fechar alianças também reflete nas negociações com o PSB nos Estados. No Distrito Federal e no Amazonas, os diretórios estaduais desistiram de lançar pré-candidatos ao governo em troca de uma aliança com o PSB, visando aproximar as siglas nacionalmente - o que acabou não ocorrendo. "O PSB está dividido, mas no Amazonas estamos em harmonia. Eles aqui são 'marineiros', não querem votar no PT e muito menos no Ciro Gomes (PDT)", disse o coordenador do diretório amazonense, João Lúcio.
Já o PPS, apesar de o presidente da sigla, deputado Roberto Freire (SP), declarar apoio ao presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, pode estar em ao menos três coligações com a Rede - em Rondônia e Santa Catarina. O partido apoiou Marina em 2010 e 2014 e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) já chegou a dizer que Freire seria "um bom vice" neste ano.
Ao menos em Rondônia, a chapa Rede-PPS está mais próxima de se concretizar. "Estamos bem afinados. Está praticamente acertado. Para nós, não vejo nenhum problema em dividir palanque com Marina ou outro nome com quem o PPS decida coligar nacionalmente", disse o presidente da sigla no Estado, Jaime Kalb.
Em Pernambuco, o pré-candidato da Rede, Júlio Lóssio, negocia apoio ao PT, um partido da "polarização", como integrantes da Rede costumam se referir à legenda. "Penso que as questões regionais têm que ser respeitadas", afirmou Lóssio, que admite a possibilidade de sair como vice na chapa da vereadora do Recife Marília Arraes, caso o PT decida mesmo lançá-la candidata ao governo.
Vice
Marina citou nesta terça-feira, 24, o economista Ricardo Paes de Barros, idealizador do Bolsa Família, como um possível nome para ser vice em sua chapa. Ele é filiado à Rede e colabora com a campanha da pré-candidata.