O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame: “eu, como operador de inteligência, agiria de maneira totalmente diferente do que estão agindo" (GettyImages)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2016 às 17h16.
Rio de Janeiro - O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, criticou a ação da Polícia Federal na prisão de pessoas supostamente ligadas a grupos terroristas que vem sendo realizada em todo país desde a semana passada e que já levou à cadeia ao menos 13 suspeitos.
Beltrame, que é egresso do setor de inteligência da PF, disse que se estivesse a frente da operação faria de forma diferente, sem dar maiores detalhes de como atuaria.
“Eu, como operador de inteligência, agiria de maneira totalmente diferente do que estão agindo. Quem fez o trabalho tem que responder por ele, dizer o que está acontecendo, já que veio a público e cabe à instituição sanar todas as dúvidas e deixar tudo isso muito claro”, declarou.
Em recente entrevista à Reuters, Beltrame declarou que o serviço de inteligência deve sempre agir em silêncio e sem criar alardes.
“O que tem que ser esclarecido da possibilidade de pretenso terrorista para esclarecer se é ou não”, acrescentou nesta quinta.
A lgumas das prisões de suspeitos realizadas vem sendo questionadas por advogados que argumentam que não há provas contundentes contra seus clientes. Esse foi o caso do último suspeito de ligação com terrorismo preso, na quarta-feira, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
O homem detido, Chaer Kalaoun, de 28 anos, é brasileiro e descendente de libaneses e foi detido devido a publicações em redes sociais consideradas suspeitas pelas autoridades brasileiras. Beltrame disse que até agora não recebeu um relatório sobre a operação da PF que levou a prisão do jovem de origem libanesa.
“Eu não recebi as informações desse caso ainda e dessa pessoa… Não fui informado, não sei de nada, não chegou para mim um relatório, nem informalmente”, declarou o secretário que participou de uma reunião de segurança para os Jogos olímpicos onde estavam representantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ministério da Defesa, Ministério da Justiça, comitê Rio 2016 e outros, mas sem a presença da PF.
Beltrame reforçou que as informações passadas pela Abin dão conta de que o Brasil está muito longe de “eventos de natureza” terrorista.
TOCHA
O secretário de segurança revelou ainda que um novo esquema de segurança será montado para a passagem da tocha por cidades do Estado do Rio, embora o evento seja organizado pelo comitê Rio 2016. As forças policiais do Estado apenas dão apoio a passagem da tocha, de acordo com Beltrame.
Na cidade de Angra dos Reis, no sul do Estado, na quarta-feira, primeiro dia da tocha no Rio de Janeiro, houve manifestações, confusão e conflito. A passagem do símbolo olímpico foi interrompida e pedras também foram lançadas contra a comitiva da tocha olímpica.
“Daqui para frente vamos ter que fazer um acompanhamento mais forte dessa questão”, declarou Beltrame.