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São Paulo reabre comércio, e debate sobre reinício prematuro cresce

Estado de SP teve ontem recorde de mortes por coronavírus. No Rio, o presidente do Tribunal de Justiça derrubou liminar que vetava reabertura

Cenas de São Paulo, nesta terça-feira: cidade tem 67% de ocupação em UTIs (Eduardo Frazão/Exame)

Felipe Giacomelli

Publicado em 10 de junho de 2020 às 06h48.

Última atualização em 10 de junho de 2020 às 07h14.

O prefeito de São Paulo , Bruno Covas (PSDB) , assinou, ontem, a autorização que que o comércio de rua volte a funcionar hoje na cidade. As lojas poderão funcionar entre 11h e 15h, com 20% de capacidade. Amanhã é a vez de os shoppings retomarem as atividades na cidade mais atingida pelo coronavírus no Brasil.

A medida chama a atenção por acontecer em momento muito diferente do de outros países. Um dos casos de maior sucesso global, a Nova Zelândia, que ontem reabriu totalmente os serviços, começou a sair do isolamento apenas após o fim da transmissão comunitária da covid-19. Estados Unidos, Itália, Espanha e Reino Unido, outros países duramente afetados pela pandemia, só começaram a reabrir com os casos e mortes em queda por ao menos 15 dias.

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São Paulo, e o Brasil, caminham para uma experiência inédita, de reabrir antes do pico da transmissão, que especialistas dizem que acontecerá provavelmente em julho. A cidade tem 84.862 casos confirmados e 5.118 mortes e tem ainda 222.000 casos suspeitos. O estados de São Paulo, que passa por uma abertura gradual, teve ontem um recorde no número de mortes, com 334. O Brasil, por sua vez, anunciou ontem 1.272 mortes após o governo voltar atrás e manter a atualização nos padrões internacionais. O país já tem 739.000 casos e mais de 38.000 mortes.

Entre os fatores que, ainda assim, fazem com que as autoridades paulistanas acreditem que retomar as atividades é segura está a taxa de ocupação de UTIs, em 67%. Especialistas afirmam que pode ser pouco para uma retomada. A cidade de São Paulo protagonizou ações de pouco resultado ao longo da quarentena, como ampliar o rodízio de automóveis, o que acabou por encher ainda mais o transporte público. Também antecipou feriados, o que teve impacto limitado na circulação de pessoas, mas levou a confusão nas atividades econômicas -- há pouca clareza, por exemplo, sobre o que abre amanhã na cidade, feriado de Corpus Christi. As agências bancárias, por exemplo, não abre.

A confusão sobre a reabertura potencialmente prematura é um tema nacional. No Rio, o presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Claudio de Mello Tavares, derrubou ontem uma liminar que suspendia a flexibilização do isolamento. Ou seja: a reabertura voltou a valer, num vaivém que tem confundido comerciantes e moradores.

Santa Catarina, o estado mais bem sucedido no combate à pandemia, segundo um estudo do Centro de Liderança Público, só nesta semana autorizou as prefeituras a retomar o transporte público. A capital, Florianópolis, tem restaurantes e bares funcionando com restrições, mas não retomou o transporte. Ainda assim, tem ruas cheias. Em São Paulo, regiões da cidade já estavam cheias antes da reabertura do comércio. Nesta quarta-feira, o movimento, e a preocupação, devem crescer.

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