Saída de DEM e MDB do Centrão tem efeito "zero", diz Arthur Lira
Líder do Centrão, que vem se aproximando do governo, defendeu ainda o imposto sobre transações digitais de Paulo Guedes e disse que o tributo não é uma CPMF
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2020 às 09h19.
Última atualização em 31 de julho de 2020 às 15h30.
A debandada do MDB e do DEM do Centrão, grupo de partidos que compõem a base do presidente Jair Bolsonaro no Congresso, tem “efeito zero” no andamento da agenda econômica, disse o líder do bloco, deputado Arthur Lira (PP-AL), em entrevista. Segundo ele, Bolsonaro ainda tem mais de 60% de apoio dos parlamentares.
“Eu nunca vi nenhuma votação de matéria de governo com menos de 340 votos”, disse ele, destacando que líderes do MDB e do DEM já procuraram Bolsonaro para reafirmar que continuam na base.
MDB e DEM resolveram deixar o grupo de siglas liderado por Lira alegando busca por independência. O líder do bloco tem agido em favor do governo na maioria das votações e a mais recente, em torno do Fundeb, fundo destinado à educação básica, contou com divergências entre ele e os demais líderes.
As divergências vêm à medida que se aproxima a disputa pelo comando da Câmara dos Deputados no início de 2021, assunto que Lira, cotado como um dos candidatos para substituir o presidente Rodrigo Maia, tenta evitar por enquanto. “Neste momento, discussão sobre eleição para presidência da Câmara é assunto tóxico para o plenário, traz tensões e repercussões.”
Reforma tributária
Lira acredita numa reforma tributária com um texto final agregador, “com partes das propostas sugeridas pela Câmara, pelo Senado e pelo Ministério da Economia” e que possa ser aprovado ainda em 2020.
Assim como o ministro da Economia, Paulo Guedes, ele defende a discussão de um imposto sobre transações digitais. Já Rodrigo Maia diz que, enquanto for presidente da Câmara, não pretende defender “qualquer imposto disfarçado de CPMF”.
“Me preocupa muito quando a versão vem e o presidente da Casa diz que não pauta nenhum tipo de imposto novo”, diz o líder. Para ele, a CPMF era “imposto maldito”; já o imposto único sobre operações financeiras virtuais é forma de tributar “agentes à margem”.
Ele também afirmou que o projeto de autonomia do Banco Central não é prioridade. “Para 90% dos deputados e senadores, este assunto não está nem no raio de ação.”